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sábado, 29 de agosto de 2015

Não basta ir à Paulista!




"Se nós permitimos que a política e a administração pública chegassem onde estão, também somos capazes de mudá-las. E são caras como eles que o farão."( Alexandre Schneider hoje no Facebook sobre um grupo de jovens para quem palestrou)

Pois é, a frase acima de Alexandre Schneider me deixou feliz e inspirou mais um post sobre a questão da gestão pública no Brasil.

Como disse Schneider e eu cansei de debater aqui e nas redes sociais, NÓS, TODOS NÓS permitimos que a política e a administração pública brasileira chegasse ao ponto catastrófico em que está hoje. 

E sim, é nos jovens que precisamos apostar para que a mudança aconteça!

 Não que não existam leis que nos obriguem (parece que só assim as pessoas funcionam...)a mudar a cara da administração publica por aqui, afinal o GESPÚBLICA, Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização foi instituído em 2005! E nesses 10 anos, houve muitas tentativas mas poucos resultados diante de nossas necessidades.

Como especialista em gestão pública, fiz minha parte e quero muito continuar fazendo!

Mas acho que nada me autoriza mais do que ter estado dos dois lados da trincheira, o dos que buscam a transformação e a dos que a temem. Sim, trincheira, porque trata-se de uma verdadeira guerra.

Conviver ao lado dos temerosos por 32 longos anos me mostrou o quanto somos prejudicados por questões culturais.

Seria possível escrever uma série de postagens para esmiuçar o assunto. Começaríamos nos tempos do Império onde nem todos que acompanharam o imperador nos deram um bom legado. Teríamos que pensar na derrama, mais tarde nos "coronéis" até chegarmos a Macunaíma, na Lei de Gerson e na Lava jato.

Portanto, para não cansar demais meus leitores, vamos resumir o caso no seguinte: mudança cultural no serviço público é a principal barreira a superar.

Por isso concordo com Schneider quando diz que são os jovens que farão mudanças. Isso porque gente nova, sem os vícios dos antigos funcionários "letra o" (  http://www.vagalume.com.br/inacabada/maria-candelaria.html   ), orientados por quem tem experiência no setor, entenderiam, ajudariam a planejar  e adotariam  as mudanças estratégicas necessárias.

Mas é preciso também rever a legislação que rege os órgãos públicos federais, estaduais e municipais.

A estabilidade quase inquestionável dos servidores públicos é um grande entrave motivacional (mas claro que eles não veem assim). Faz com que grande parte se acomode, esqueça de acompanhar as inovações rápidas do mundo de hoje.

Desanimam também, porque quase nunca as tentativas de auto reciclagem, de oferta de ideias são revertidas em evolução funcional, muito menos salarial. Em São Paulo, por exemplo, alguns cursos ofertados aos funcionários, só tem garantia de sala cheia por serem obrigatórios. A ausência corta verbas....E nada do que fazemos obrigado é bem assimilado ou provoca mudanças.

E depois da mudança cultural, vem também a necessidade absoluta de adotarmos a meritocracia no setor público! Só que essa é outra muralha a escalar sabendo que quedas e lesões serão coisa certa. Isso porque atinge a necessidade de trocarmos as indicações políticas pela meritocracia. A cada nova gestão mudam os que ocupam os cargos mais altos e os funcionários de carreira na maioria das vezes são deixados para trás e passam um bom tempo tendo que corrigir erros alheios além de ter que ensinar a trabalhar, aqueles que são melhor remunerados. Não dá!  Mas vai dizer isso aos políticos!

E não podemos nos esquecer de que antes mesmo da necessidade do conhecimento e da aplicação de modernas ferramentas de gestão, o serviço público precisa valorizar projetos e dar continuidade a eles. O país não suporta mais a interrupção quadrienal  de projetos pelo simples motivo de que pertenciam ao candidato de outro partido.

A questão é complexa mas apaixonante! Garanto aos mais jovens que o desafio vai agradá-los.

Precisamos protestar, temos tido boas vitórias. Mas precisamos também propor mudanças e agir na direção delas. Precisamos construir um novo país e para isso, não basta ir à Paulista.

PS - desculpem, mas não sei o que criou as faixas brancas no texto...


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

As eleições vem aí, quem sabe?





O último post provocou críticas que diziam que eu estava sendo muito pessimista, que não via solução para os problemas do país.

Mas não é verdade. Não só penso em soluções como acredito que um dia a coisa vai mudar. Mas não no cenário atual.

Mas críticas sempre nos fazem pensar e foi o que fiz. Nunca ocupei cargos políticos, muito menos os que implicam em grande autoridade. Mas acho fácil para qualquer um imaginar o quanto deve ser difícil lidar com um país deste tamanho, com estados e cidades imensos, especialmente quando nossa herança cultural não é das melhores.

As eleições municipais vem aí. Estou antecipando demais? Que nada! Pode ter certeza de que o ano eleitoral já começou, que as campanhas já estão sendo delineadas nos bastidores.

E aí repito: não é pessimismo meu, mas será tudo igual, a não ser que a população acorde!

Entre as ideias que tive pós crítica uma adoraria que provocasse alguma reflexão nos meus leitores: começarmos as mudanças pelos pequenos municípios!

Começarmos quem cara pálida?! 

Nós, o povo.

Explico: nos municípios menores, os candidatos estão mais próximos da população. É mais fácil sabermos quem realmente são, suas ações e suas ideias.

Também é muito mais simples ajustar pequenas e médias estruturas do que tentar botar ordem numa São Paulo, ou em um  Rio de Janeiro...



E não venham dizer que estou menosprezando as pequenas administrações! Ao contrário estou propondo à elas que sejam o motor da mudança de que precisamos!

Mas a começar pelos eleitores todos tem que rever seu comportamento.

Parem de eleger políticos em troca de favores ou baseados apenas em seus discursos bonitos. 

Procurem saber sobre atos concretos, analise seus projetos. 

Também será impossível estruturarmos de vez a democracia se a população não estiver disposta a participar das decisões políticas de sua região. Nossas leis abrem espaço para uma participação e uma capacidade de intervenção plenos. Talvez em outro post eu os enumere aqui, ou quem sabe, te encontro em uma de minhas palestras...

Precisamos ainda que pessoas bem intencionadas deixem sua zona de conforto e, desde que preparadas, abracem a ideia de serem candidatos, por que não?

Quanto às administrações de pequenos municípios, é preciso que se profissionalizem!

Uma cidade que quer crescer, se desenvolver e gerar valor (lícito) para todos os envolvidos precisa investir antes de mais nada em conhecimento!

Para entenderem do que estou falando, cito o exemplo de casos que atendi em orientação organizacional para pequenos empresários. Eram donos de pequenos escritórios, lojas ou prestadores de serviço. Só para começar, eles não entendem que são pequenos empresários! Chamam a si mesmos de dono da lojinha, chefe dos balconistas e por aí vai! Não abrem espaço para algo maior, como se isso fosse  ruim.

Na administração pública a coisa é mais complicada ainda. Por mais que o tempo passe, em muitos lugares ainda vivemos na época colonial, na era dos poderosos coronéis sertanejos ou dos gerentes ditadores. 

A estrutura da administração pública, somada às nossas ideias equivocadas e baseadas na lei de Gerson ou na filosofia do "sabe com quem está falando?" traz imensos prejuízos.

A pior parte é esta, trabalhar uma mudança cultural. E isso começa com o conhecimento e o cumprimento dos direitos e deveres de cada um de nós.

Fora isso, hoje temos ferramentas de gestão que facilitam muito o trabalho de qualquer administrador interessado em fazer as coisas fluírem bem.

Começando com uma visão estratégica da administração é possível realizar o planejamento das mudanças necessárias, desde que esta vontade comece lá nos altos escalões administrativos, sem perder de vista que hoje, nos tempos da administração estratégica, por processos e na era da informação, todos os colaboradores devem ser envolvidos.

As eleições vem aí, quem sabe?


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

E o Brasil? Precisa de quê?





Não escrevo há muito tempo por aqui. É que neste país montanha russa fica difícil você manter algum equilíbrio. Há muito o que fazer, muitas frentes a serem atacadas e aí, se você não tem poder, desanima.

Mas esse poder individual existe nas democracias,  no Brasil ela é meio desconhecida da população.

Ainda pensamos que somos pequenos demais para tentar mudar alguma coisa, andamos meio perdidos diante de tantas decepções com a política e os políticos, enrolados pela crise e perdemos focos necessários.

Raros casos como o da cidade de Jacarezinho no Paraná vem para nos animar um pouco embora precisasse acontecer várias vezes ao dia para que os benefícios fossem vistos por todos.

Já cansei de dizer que nosso calcanhar de Aquiles é a educação, que se fosse eficaz geraria a capacidade de análise e interferência na situação em todas as áreas. Mas a educação é um processo de resultados a longo prazo e estamos com a água no pescoço! (Não, água não tem, digamos a corda).

Aí, leio na Veja  (e mais umas pesquisas), que um chileno e um venezuelano (portanto nossos hermanos), atuantes no mega eficiente MIT tentam responder a questão: Por que a Informação Aumenta.

Partindo do princípio de que a informação é um processo que implica em fragmentação de seu objeto de análise seguida de observação criteriosa que possa levar a uma ordem lógica que descrevesse qualquer situação, material ou produto e acrescentando que unido à melhoria da educação a informação ganharia fôlego eles chegariam a resposta. 

Mas dizem também que essas pessoas educadas deveriam ser capazes de trabalhar em equipes, de maneira coordenada.
Preciso muito ler o livro, me pareceu muito interessante. Mas vou sentar e esperar que alguém o adapte eficientemente à realidade brasileira.

Digo isso porque entre outras coisas, na entrevista César Hidalgo fala da importância de que algumas necessidades básicas como segurança, transporte, comunicação, políticas de relações comerciais, abertura de mercado estejam em ordem para que se crie um circulo virtuoso onde a informação somada à educação traga resultados positivos.

Um dos itens citados é a confiança em contratos.

Como faz para confiar em contratos no Brasil em um momento em que a cada dia surgem novas denúncias de corrupção?

Como confiar em um país que faz de conta em tudo?

Percebem? Se por aqui, vivemos quase que em uma peça teatral permanente onde a população é figurante, que apenas assiste aos atores dizendo seus textos, desenvolvendo posturas sob a regência de diretores e produtores que também criam estórias, com e, o tempo todo, qual tipo de informação eficaz podemos produzir?

Claro que vai  tem quem leia isso e me chame de louca. Temos cientistas, empresários, enfim, gente de todas as áreas produzindo coisas boas, mas a que preço? E quem vai se beneficiar de seus produtos e descobertas. Quanto eles terão que pagar para viabilizar seus feitos?

Ano que vem tem eleições municipais. Quem quer apostar comigo que ouviremos exatamente as mesmas coisas de anos anteriores apenas acrescentando os fatos ruinosos mais recentes? E quem aposta que depois de assumir, tudo continua na mesma?
Tudo isso porque aqui, educação e informação inexistem. As duas juntas então, nem pensar!

Mais impensável ainda é o terreno fértil e líderes com pensamento ganha-ganha de que o entrevistado fala.  

Desejo sorte aos teóricos do MIT e também que eles tornem viáveis suas teorias para muitos países.

Mas sugiro a eles que sejam extremamente cautelosos quando se depararem com dados fornecidos por órgãos públicos e institutos de pesquisa brasileiros.

Informação aqui não responde à questão: E o Brasil? Precisa de quê?