Ser criança....
Não há fase na vida melhor e mais intensa do que a infância!
Tudo à nossa volta é interessante e misterioso. Tudo é novo. Somos capazes de tudo! Temos a certeza de que vamos dominar o mundo. Mesmo que neste momento o mundo seja composto de nossa casa e aqueles que vivem nela. E é o que acontece, ao menos para a maioria. As coisas não permanecem mais totalmente em seus lugares, os pais nos olham como se não acreditassem que existimos. Os avós? Ah... esses são capazes de qualquer adaptação que nos agrade.
É nessa época também que somos os seres mais criativos do universo. Caixas de papelão se transformam em carros, ou aeroportos ou currais... depende só de qual ambiente você vem ou das possibilidades de conhecimento que te oferecem.
Tudo em nós é definitivo. Amamos ou ignoramos algumas pessoas. Gostamos ou não de espinafre. Tudo que brilha é lindo. Tudo que nos impede é chato.
Se não nos estimularem, não sabemos mentir. Somos o cúmulo da sinceridade!
É pena, lamentável mesmo que nos últimos tempos (já há uns 30, 40 anos),resolveram antecipar o fim deste período tão essencial e que é o alicerce de toda a nossa vida.
Hoje, crianças de 3 ou 4 anos, tem agendas mais lotadas do que as dos executivos! São 3 cursos, 2 esportes, escola regular (desde o berçário!), hora prá isso e prá aquilo!
Até que as escolas em tão tenra idade traz algo de bom, que é a convivência com outros serezinhos especiais, já que hoje em dia elas não podem mais brincar nas ruas e parques com os amigos e em geral não tem mais irmãos ou primos, ou se os tem são em pequeno número.
A relação com outras crianças foi substituída pela TV e pelos jogos eletrônicos ou no computador. Os pais, aqueles, hoje seres exaustos, precisam dessas ferramentas para poderem respirar ao final de um longo dia de trabalho e não tem mais paciência ou energia para brincar ou contar estórias...
E elas ficam lá, encantadas, recebendo informações e descobrindo um mundo padronizado. Sem hábitos, estórias ou jeitos de família.
Para as crianças de hoje, leite dá em caixinhas retangulares, frutas em bandejas de isopor, carnes em ganchos pendurados em canos.
Poucos terão contato com o gosto de fruta colhida no pé. Das brincadeiras improvisadas. Dos amigos para sempre recém conhecidos.
Isso, porque me recuso a falar hoje das que não tem o que comer, não tem brinquedos, não tem famílias...
Para essas, eu desejo que uma força do universo dê um dia excepcionalmente especial! Que abra uma exceção, que em geral vem de adultos que lá no fundo ainda são crianças e que não resistem ao apelo de dividir com elas brinquedos, lanches e doces, como fazia (ou não podia fazer) quando tinha a mesma idade. Que essas pessoas sejam abençoadas.
Para os adultos que já são pais, tios, avós ou que um dia o serão, eu recomendo que aproveitem a data para repensar seus valores do tempo da inocência. Pare e lembre como você reagia às coisas? É uma boa lembrança? Uma boa sensação? Então resgate-a! Faça o que tiver vontade. Lambuze-se com um sorvete, um chocolate.Releia uma estória que te fez sonhar. Abrace seus pais, chame seus irmãos para brincar. Telefone para sua tia e faça-a também se lembrar daquele dia que ela te fez algo de especial e que você nunca esqueceu!
Desta maneira, você vai provocar uma onda de lembranças boas. Vai fazer com que mais pessoas revivam a energia e a força que é ser criança.
E quem sabe ao menos o seu mundo passe a repensar se vale a pena trocar dias de prazer por horas de estudos precoces visando o preparo para futuros adultos tensos e cheios de neuroses que parecem inexplicáveis.
Seja criança um dia no ano! Ame, espante-se, divirta-se, ou até mesmo chore pedindo colo, por que não?
Seja inocente.
Seja feliz!
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