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domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Maria e o resto de nós

Preciso iniciar este post dizendo que nossos corações estão unidos aos familiares das vítimas. Foi terrível.



Mas isso é a vida. E nós meros, joguetes.

Joguetes mas petulantes, metidos à besta mesmo. Nunca vamos aprender que não se brinca com a sorte.

E se tem algo que me incomoda é ver que continuamos vivendo à base de reações aos fatos.

 Nunca aprenderemos a prevenir?

As grandes tragédias que vivemos hoje ganharam cores mais fortes graças às novas tecnologias que permitem, como neste caso, que momentos antes ou durante os fatos sejam enviados ao mundo em segundos.

Isto deveria nos alertar ainda mais para a única coisa que em muitos casos poderia nos ajudar: abandonar nossa hipocrisia.

Somos hipócritas quando ficamos por aí alardeando nossas opiniões sobre fatos como esse que aconteceu no Rio Grande do Sul nessa madrugada, buscando culpados e fazendo acusações, porém, aceitamos (quando não o fazemos) que um dinheirinho para molhar a mão da fiscalização não é um mal tão  grande assim. Somos especiais! Nada vai acontecer no nosso estabelecimento, no nosso edifício ou com nosso carro sem pneu. E os caras são corruptos mesmo! É um horror.

No caso de Santa Maria, ainda haverá muita investigação, muitos depoimentos até que se consiga dar alguma "satisfação" às vítimas.

Mas o resumo da história todos conhecemos. Ele acontece no país inteiro o tempo todo desde muito tempo.

São edificações e negócios que funcionam sem fiscalização das normas mínimas de segurança, funcionários sem treinamento para lidar com emergências e especialmente uma população que nunca teve governantes interessados em prepara-la para situações assim, afinal, nós, os especiais, jamais passaríamos por isso.

Imaginem se nos  países que vivem em alerta permanente contra furacões, terremotos ou vulcões, não houvesse um preparo da população local.

Acontece, que incêndios, alagamentos, desabamentos são mais possíveis do que tragédias naturais.

Novamente digo que nossa legislação precisa ser alterada, modernizada e cumprida! 

Nossa população precisa aprender que viver no país do carnaval e do futebol, aparecer na mídia como o país que dá certo em meio ao caos mundial, só funciona diante da hipocrisia e da idiotia geral. Contra a vida, aquela da qual somos joguetes, de nada adianta.

E o cumprimento da Lei, a extinção dos corruptos (tá, diminuição) e a construção de uma vida minimamente segura está em nossas mãos.

Isso começa na educação, passa pelo voto, mas só se sedimenta mediante mudanças éticas individuais capazes de proliferar, contaminar o coletivo.



Santa Maria, Rio Grande do Sul, estaremos vibrando positivamente, cada um ao seu modo por vocês..    

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

De qualquer forma, é São Paulo

Mais um aniversário de São Paulo.



Uma das maiores e mais ricas cidades do mundo, é um caldeirão cultural.

Dos imigrantes europeus e asiáticos aos migrantes nordestinos e de todo o país, todos convivem, alteram e aproveitam o que a cidade oferece.

E se comparada a outros lugares ela oferece muito. Trabalho, educação, estruturas básicas e diversão.

Vocês já me viram reclamando e muito de São Paulo.

Mas é claro que respeito muito a cidade natal de meus filhos e para a qual trabalho há tanto tempo.

O problema por aqui é o mesmo de tudo o que se passa no país.  Vende-se uma imagem de superioridade, de facilidades e de riquezas, mas a realidade da maioria da população é muito diferente.

São Paulo tem uma infinidade de restaurantes, cinemas teatros... mas quem pode frequentá-los?

Há trabalho, mas concentrado em algumas regiões quase sempre distante justamente daqueles que dependem de transporte público, que ao contrário do que dizem não é ruim, mas sim insuficiente.

Os bons salários também não chegam a grande maioria. São altos para os que sempre os tiveram.

Há os que dirão que qualquer um aqui tem um carro (vide os congestionamentos). É tem mesmo, impulsionados pela recente facilidade de crédito e esfolados pelo longo período de duração da dívida.  

A saúde também é só um pouco melhor do que em outras regiões. Educação idem. Existem inúmeras instituições de ensino superior, mas quantas delas cumprem seu papel?

Estamos no início de uma nova gestão. As expectativas se renovam. 

Mas a população que aqui está, precisa ficar atenta, participar, cobrar, reivindicar para que as coisas se ajeitem para todos.

Não adianta esperar que alguém o faça por nós. Temos que justificar nossa fama de empreendedores, de gente forte que conduz e não é conduzida.

De qualquer forma, se buscarmos pelas histórias de vida dos que aqui nasceram ou dos que aqui recomeçaram suas vidas, teremos relatos de amor por esse pedaço de terra tupiniquim revisitado, reformulado.

De qualquer forma teremos o Ibirapuera, a Paulista, os shoppings, a pizza, a 25....

De qualquer forma, devemos desejar sorte à cidade.

Parabéns São Paulo 

Afinal, de qualquer forma, é São Paulo.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Povo Feliz

Sabe lá porque, uma frase martelou minha cabeça na noite passada:

Povo guiado é povo feliz e manterá sua postura amorfa enquanto abastece o poder e o enriquecimento de seus candeeiros.




Isso às vezes acontece antes de uma ideia para postagem, embora eu não trabalhe com ideias mas com impulsos mesmo. E esse "fenômeno" sempre tem a ver com algo que acontece à minha volta.

E, diante de tantas coisas que temos visto no país nos últimos tempos especialmente na política e no mundo da prestação de serviços públicos não era prá menos, mesmo tentando não abordar o assunto ele surgiria.

Estamos na antevéspera de outro carnaval e é só esperar para ver a extrema demonstração de alegria, de euforia da população. É o pão e o circo de novo. 

No final do ano passado, vimos outra demonstração dessa capacidade brasileira de vibrar e sorrir, o campeonato mundial no Japão. Mais uma vez, o pão e o circo.

Tô falando em pão, porque é tudo cereal, mas caberia bem dizer como alternativa: a cerveja e o circo.

Políticos e seus gestores públicos (da situação, os q ontem eram esquerda) dão informações de que está tudo ótimo no país.

Os de oposição (hoje os que antes eram direita ou centro ou centro direita), começam a bradar, atirando para todos os lados, meio sem rumo e sem noção.

Claro, que mais uma vez, uso os termos convencionais, mas falar em direita e esquerda neste país é uma grande bobagem, já que por aqui, muda-se de partido como de roupa .

Todos os fatos que nos chegam pelos noticiários ( e costumo acompanhar uma boa parte deles) parecem negar que está tudo bem.

Tudo que acontece na vida do trabalhador, de verdade, não o que dizem sobre ela, também negam as águas plácidas anunciadas.

A dona de casa que vai fazer compras, pode não entender direito da coisa, mas sabe que a inflação está presente e que o tão festivamente anunciado aumento de salário mínimo não vai ajudar.

Aliás, todo trabalhador se pergunta como é que alguém pode imaginar que o salário mínimo supre necessidades básicas de alguém. Será que pensam mesmo? Claro que não!

O cotidiano de todos virou uma aventura arriscada até mesmo no Estado que antes tinha os menores índices de criminalidade. E ainda por cima, legalizam a omissão de socorro.

A saúde pública ou privada continua a mesma. E isso só sabe quem faz uso das duas.Escapam de ter uma péssima experiência aqueles que podem usufruir de planos privados de valores que estão por volta de 3 salários mínimos para cima. Abaixo disso é aquilo que todos sabem: filas, péssimo atendimento, carências absurdas.... 

De educação não vou falar, já falo demais nisso. 

Confunde-se ascensão social com acesso a crédito.  

E o povo feliz prossegue sorrindo pacificamente, acreditando nas promessas de sempre e se deixando levar pelo alardear dos defensores da tese do está tudo muito bem. Esses, em geral, não são os beneficiários de salários mínimos, bolsas auxílio ou que não tiveram educação. São teóricos. Alguns muito bem intencionados, outros guardiões da esperança, mas a maioria navegando em busca de um lugar ao sol nem que para isso tenha que gritar aos quatro ventos que está tudo bem embora seus olhos, seus sentidos, seus vizinhos mostrem algo diferente.



Também não se pode fazer muito quando Leis são descumpridas ou foram criadas de forma equivocada ou quando ainda estão ultrapassadas.

Nas redes sociais, muitos falam. Já é alguma coisa. Porém, a grande massa que deveria se manifestar não vai ouvi-los. Os mais prejudicados nem sabem que eles existem. Alguns privilegiados por sua posição na sociedade ou por causas que abraçam tem a chance de fazer algo, mas num raio de ação muito restrito que não vai acabar com todas as misérias deste país.

Uma nau alucinada, sem portos, mas com uma turma disposta a enfrentar maremotos de todo tipo desde que em um amanhecer qualquer naveguem calmamente até alguma ilha, um paraíso qualquer, onde não cheguem nunca o povo ou o fisco.



Não sei mais o que esperar.

Mas o povo continua feliz.