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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Desisto?

Hoje S.P. teve greve de ônibus e trens.


E lógico (?) houve destruição de coletivos...



Eu já não sei mais o que dizer.

Trabalho (ou ao menos tento) com gestão pública. E a cada dia tenho mais certeza que se este país nunca levanta lá do tal do berço esplêndido, é por culpa da nossa sociedade.

Tá certo que essa sociedade é fruto de uma longa história. mas já estamos velhos e experientes o suficiente para parar e pensar no que estamos fazendo por nós mesmos.

Ando prá todos os lados e só vejo a educação como solução. Porém, enquanto ela não chega, o país tem que andar, aos trancos e barrancos, mas andar. Por que não com menos trancos e barrancos menos íngremes?

Porque isso implica em organização, planejamento e especialmente mudanças...

E essas mudanças, começam na observação (e adoção) de uma dimensão ética mais clara em todos os níveis.

Só assim, nosso olhar para o país passaria a ser mais claro e esclarecedor. Mas como é que se faz isso???

Cada um de nós poderia fazer sua parte, dentro do seu raio de influência. Mas é preciso muita vontade e paciência, porque não há muita chance de respostas positivas.

Nas empresas privadas, ordens são ordens e desrespeitá-las pode levar ao desemprego e cumpri-las "de qualquer jeito" também, assim,  inovações e novos métodos são incorporados com alguma facilidade.

No serviço público a coisa é diferente.

Primeiro porque nossa máquina pública é prá lá de inchada.

Segundo, porque viemos de processos complexos de mudanças que começam lá no período colonial, passa por todo o patrimonialismo, a burocracia paralisante até chegarmos às tentativas de adotarmos um modelo gerencial.

Se de um lado a sociedade não compreende que o Estado é apenas o administrador de seus recursos e não seu provedor, grande parte dos servidores públicos não aceitam perder sua aura de intocáveis. A questão da garantia de  estabilidade da a alguns a ideia equivocada de que façam o que fizerem são intocáveis...

Temos um problema mais sério ainda: o uso do funcionalismo e mais ainda dos funcionários comissionados (CLT) como moeda de troca do sistema político. Aqueles que caem nessa armadilha, podem sim ter benefícios como maiores salários, mais status profissional, mas passam o resto da vida presos às vontades de seus "padrinhos", portanto, jamais vão contestá-los e nem permitir mudanças que de alguma forma afetem seus interesses.

Ou seja, não há vocação pública.

Uma das poucas soluções possíveis, enquanto a educação de qualidade não chega, seria o aumento da participação popular no controle dos atos públicos.

O problema é que a falta de consciência da maioria da sociedade faz com que não reconheçam isso como um direito que eu diria ser também um dever para qualquer um que reivindica melhorias...

Para completar o caos, não se dão conta que bons serviços públicos são fruto de impostos recolhidos e bem utilizados e banalizam o ato da sonegação fiscal.

E tem também a cegueira total em relação ao foco do serviço público. Confunde-se essa prestação de serviço à sociedade com um jogo de oferta de respostas rápidas aos desejos de políticos ou partidos.

Precisamos de líderes independentes, de gestores públicos com vocação e interesses coletivos genuínos.

De nada adiantará termos uma evolução tecnológica sem evoluirmos como sociedade.

Antes de pensarmos em diminuir as desigualdades sociais (no sentido econômico) precisamos repensar a desigualdade do ponto de vista da cidadania. As duas coisas andam paralelas, mas são independentes...

Ou seja, a situação é um verdadeiro labirinto. Há saídas. Mas há vontade?

O que é que eu faço??

Desisto?


sábado, 19 de maio de 2012

Aquarius


Eu tanto não cheguei à era atual que ainda não sei postar vídeos aqui, por isso, pra quem não viu (aqueles que passaram os últimos anos numa caverna), segue aí essa delícia de vídeo. 


http://youtu.be/4Cq8qKk2aSM                                  

Hoje cheguei ao Twitter falando da influência da mídia especializada nas atitudes femininas atuais. 


E comentei que de uma certa forma ela foi funesta já que alimentou ideias equivocadas como a confusão que se faz entre liberdade e individualismo, entre carinho, cuidado e submissão... e que isso colaborou profundamente com a porcaria de mundo que temos hoje.


Aí leio lá sobre a lendária Era de Aquarius.


Eu não fiquei esperando por ela, já que na época em que todos só falavam nisso eu ainda era muito nova.


 Mas me interessava, observava e achava legal. 


Mas algo me dizia que aquilo tudo não ia dar certo.


E não deu. Ao menos ainda não.


E não deu porque as pessoas e não só as mulheres e suas revistas confundem tudo mesmo.


Chegamos à Era de Aquário fazendo tudo ao contrário.


Hoje mesmo (19/05/12) vemos na TV em SP a Marcha da Maconha e em Curitiba uma Marcha de evangélicos (acho q Marcha para Jesus). 


Nos idos de 73, quando a música ai de cima era sucesso, falava-se em liberdade, em amor livre em paz e harmonia. Assim, como no trecho da letra:


"Harmonia e compreensão
Simpatia e abundante confiança
Nada mais de falsidades ou menosprezos
Vidas de sonhos dourados de visões
Revelação mística de cristal
E a libertação verdadeira da mente"  (do site Vagalume.com.br)



Mas, para que pudéssemos ter alcançado isso, tudo teria que ter sido diferente. No fim das contas, ao invés de nos parecermos com a garotada da cena de cabelos longos, roupas coloridas, corpos flutuantes e sorrisos amorosos, ficamos foi a cara dos "burgueses" em seus cavalos de raça!






E claro! Era entre eles que estava o tal do dinheiro e suas consequências nefastas.


Como ter harmonia e compreensão se só o que me interessa é quanto você pode pagar??






Simpatia e confiança? Não dá, porque se sou especialista em ironias jamais vou acreditar em você. E também porque se coloquei você aonde está e você trai suas propostas fica muito difícil confiar ou ter simpatia por você.


Falsidade e menosprezo são a bola da vez.


A falsidade me permite obter o que quero.


O menosprezo, sendo traduzido em bullying ou simples indiferença, são as armas usadas para pisar em quem nos ameaça de alguma maneira.


E finalmente a ideia de que libertação da mente passa pela droga ou pela religião (essa droga gigante).


Uma mente liberta é aquele que se permite sentir.


É a que te permite ouvir a ideia alheia e respeitá-la sem a necessidade de combatê-la usando todo tipo de estratégia.


É conviver e respeitar as convicções religiosas do vizinho sem queimar em fogueiras os que não coadunam com suas ideias.


É ter ideias filosóficas e políticas e TRABALHAR de acordo com elas e não ficar tentando derrubar o opositor sem ações, sem soluções, sem fazer minimamente sua parte.  


Hoje, o que vemos é um Jesus Cristo não mais superstar, mas veículo de sacanagens e enriquecimento de seus pastores (evangélicos, católicos, etc e tal).


Pior! Uma multidão insiste que só o cristianismo traz a verdade.


Essa talvez seja a maior mentira de todas e que tenho certeza de que o próprio Jesus refutaria, chutaria as bancas de todos!


A única coisa que traz harmonia e paz é o amor. 


O amor real, que implica em respeito, em colaboração, em atitudes benéficas e pacíficas.


Tá, vou ser malhada de todos os lados por este texto. Já estou acostumada.


De um lado estarão os supostamente ofendidos, de outro os que em geral me classificam de ingênua, de sonhadora e até de burra.


Esses, acreditam que a única coisa válida é a capacidade de tecer longos discursos filosóficos, ideológicos.
Eu não me importo, já me acostumei.


Não que eu não escorregue muitas vezes! Claro que acontece, afinal estou cercada pelo mundo e pelas pessoas reais.


E elas, não acreditam em amor e compreensão. Um pisão no calo e se transformam em monstros...


Quanto à mente liberta, sinto muito, mas aquelas drogas que alteram sua consciência não te libertarão, prenderão á consciência desvirtuada, com cores suaves que em algum tempo se transformarão em pesadelo.





Dá prá olhar as pessoas como o que elas são? Apenas pessoas?


Dá prá parar,  pensar e agir como pessoa e não como joguete nas mãos de ideias alheias?


Dá prá vocês descerem de seus pedestais de areia e mergulhar nas águas purificadoras da nova era?


Tentem, por favor, porque os tempos mudam e somos nós que construimos a vida.

   





sábado, 5 de maio de 2012

O que fazer?

Muitos de vocês sabem que sou funcionária pública.



Entrei nessa pelas mãos de minha mãe que insistia que este era um ótimo caminho para mulheres pela possibilidade de criar filhos com mais facilidades (poder licenciar-se e coisa e tal), pela segurança e por ter salário certo em dia certo. Especialmente para mulheres como eu que pretendiam estudar.

Pode parecer estranho para alguns, mas naquele tempo, mocinhas de 18 anos obedeciam às mães. E foi o que fiz. Prestei o concurso, passei e cá estou.

Reclamei a vida toda das más condições de trabalho, dos baixíssimos salários e de muitas outras coisas. A resposta mais comum (e  correta ) era: Pede exoneração!

Não pedi, porque enquanto fazia a faculdade só posso agradecer ao serviço público que me permitia faltar em dias de provas, para fazer estágios (fiz absolutamente todos os possíveis) e dava brechas quando os 3 filhos adoeciam.

Tentei me afastar depois de formada por duas vezes. Consultório bombando, tirei licença sem vencimentos por 4 anos. até ser atropelada como o resto do país pelos planos econômicos, o confisco da poupança, que fizeram com que os pacientes desaparecessem por 4, 5 meses. Só que as despesas não desapareceram e aí.... Voltei pro colo do serviço público.



Mas tudo isso que escrevi até agora é só pra vocês não começarem a me encher o saco como todos tem o hábito de fazer com funcionários públicos. Quis dizer que tive motivos para estar lá. Aos que vão me encher o saco digo o seguinte: Prestem concurso!

Mas a questão é que sempre tive um senso de cumprir com meus deveres e fiz isso em cada um dos meus 32 anos de casa.

Nos anos 80 (começo), paralelamente ao serviço público, me envolvi em programas de qualidade que despontavam naquela época mundo a fora.

Foi inevitável que eu migrasse para os mesmos programas no serviço público isso lá em 92.

É tudo muito diferente claro. No princípio, os envolvidos eram autoridades, gente com cargos elevados, eu só estava lá pela experiência que tinha lá fora, no mundo dos normais "privados". Implantou-se uma coisinha aqui e outra ali, mas só anos depois a coisa pegou de verdade.

Nos anos 2000, foram dezenas de treinamentos e tentativas de mudanças de gestão. Nosso maior problema sempre é e será a mudança de governo a cada 4 anos. Cada gênio que assume o governo acha que tem que mudar tudo, interrompe projetos e etc..


Mas a culpa disso é dos próprios funcionários que não assumem sua condição de verdadeiros maquinistas desse trem desgovernado. Entregaram seu poder em troca de favores políticos, de cargos mais altos de contratos comissionados para familiares e amigos.

Todo esse meu mal humor de hoje também tem justificativa. Estou passando por um período de adaptações em um programa de qualidade que inclui uma certificação de ISO 9001. Decidi (e consegui depois de muita luta) liberar alguns funcionários das funções que deveriam exercer ou pelo seu total desânimo ou por estarem a beira da aposentadoria. A ideia era colocar em seus lugares gente ou mais jovem ou mais interessada.



Fui atrás daqueles a quem eu conhecia o trabalho e a competência ou daqueles de quem tive boas referências.

Foi uma decepção em quase 100% dos casos!

A história é sempre a mesma:: já fiz muito (eu também, tá?) e me decepcionei ( eu muito mais)  porque não sou valorizado por isso ( nunca fui, ao contrário, sou criticada por fazer) e porque tudo se perde com o tempo. É, é verdade.

Porém eu me pergunto: o que eles vão ficar fazendo lá até se aposentarem? Desempenhando o triste papel típico de funcionário público? Aquele papel que autoriza a população a nos ter em péssima conta? Vão apenas cumprir obrigações estritas??

Eu não consigo! Não consigo sentar lá, fazer o que tenho que fazer que é desgastante mas não preenche (com vida, com energia) as 8 horas diárias de trabalho e que não me exige nada alem de um mínimo de conhecimento e outro de tato.

E tem a outra questão: onde ficamos enquanto cidadãos?

Sim, porque somos usuários do serviço público também. Precisamos das melhorias que todos almejam.
Precisamos dar ao serviço público a cara que deveria ter que inclui eficiência, ética, transparência, bom tratamento dos recursos disponíveis e planejamento adequado!

E isso tudo deveria ser feito por nós, funcionários públicos! Nunca como vem acontecendo, com o envolvimento de inúmeros comissionados (eles fazem claro, dependem do fazer para manterem seus empregos) e nem ao bel prazer dos políticos da vez!.


Portanto, é muito fácil reclamar do que nos é oferecido e criticar nossa eficiência quando a maioria de nós, simplesmente "cansa" e entrega os pontos.

Quase tudo no serviço público precisa mudar. Todos sabem quais mudanças devem acontecer.

Porque ninguém faz?

E porque continuamos resmungando cinicamente?

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