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sábado, 5 de maio de 2012

O que fazer?

Muitos de vocês sabem que sou funcionária pública.



Entrei nessa pelas mãos de minha mãe que insistia que este era um ótimo caminho para mulheres pela possibilidade de criar filhos com mais facilidades (poder licenciar-se e coisa e tal), pela segurança e por ter salário certo em dia certo. Especialmente para mulheres como eu que pretendiam estudar.

Pode parecer estranho para alguns, mas naquele tempo, mocinhas de 18 anos obedeciam às mães. E foi o que fiz. Prestei o concurso, passei e cá estou.

Reclamei a vida toda das más condições de trabalho, dos baixíssimos salários e de muitas outras coisas. A resposta mais comum (e  correta ) era: Pede exoneração!

Não pedi, porque enquanto fazia a faculdade só posso agradecer ao serviço público que me permitia faltar em dias de provas, para fazer estágios (fiz absolutamente todos os possíveis) e dava brechas quando os 3 filhos adoeciam.

Tentei me afastar depois de formada por duas vezes. Consultório bombando, tirei licença sem vencimentos por 4 anos. até ser atropelada como o resto do país pelos planos econômicos, o confisco da poupança, que fizeram com que os pacientes desaparecessem por 4, 5 meses. Só que as despesas não desapareceram e aí.... Voltei pro colo do serviço público.



Mas tudo isso que escrevi até agora é só pra vocês não começarem a me encher o saco como todos tem o hábito de fazer com funcionários públicos. Quis dizer que tive motivos para estar lá. Aos que vão me encher o saco digo o seguinte: Prestem concurso!

Mas a questão é que sempre tive um senso de cumprir com meus deveres e fiz isso em cada um dos meus 32 anos de casa.

Nos anos 80 (começo), paralelamente ao serviço público, me envolvi em programas de qualidade que despontavam naquela época mundo a fora.

Foi inevitável que eu migrasse para os mesmos programas no serviço público isso lá em 92.

É tudo muito diferente claro. No princípio, os envolvidos eram autoridades, gente com cargos elevados, eu só estava lá pela experiência que tinha lá fora, no mundo dos normais "privados". Implantou-se uma coisinha aqui e outra ali, mas só anos depois a coisa pegou de verdade.

Nos anos 2000, foram dezenas de treinamentos e tentativas de mudanças de gestão. Nosso maior problema sempre é e será a mudança de governo a cada 4 anos. Cada gênio que assume o governo acha que tem que mudar tudo, interrompe projetos e etc..


Mas a culpa disso é dos próprios funcionários que não assumem sua condição de verdadeiros maquinistas desse trem desgovernado. Entregaram seu poder em troca de favores políticos, de cargos mais altos de contratos comissionados para familiares e amigos.

Todo esse meu mal humor de hoje também tem justificativa. Estou passando por um período de adaptações em um programa de qualidade que inclui uma certificação de ISO 9001. Decidi (e consegui depois de muita luta) liberar alguns funcionários das funções que deveriam exercer ou pelo seu total desânimo ou por estarem a beira da aposentadoria. A ideia era colocar em seus lugares gente ou mais jovem ou mais interessada.



Fui atrás daqueles a quem eu conhecia o trabalho e a competência ou daqueles de quem tive boas referências.

Foi uma decepção em quase 100% dos casos!

A história é sempre a mesma:: já fiz muito (eu também, tá?) e me decepcionei ( eu muito mais)  porque não sou valorizado por isso ( nunca fui, ao contrário, sou criticada por fazer) e porque tudo se perde com o tempo. É, é verdade.

Porém eu me pergunto: o que eles vão ficar fazendo lá até se aposentarem? Desempenhando o triste papel típico de funcionário público? Aquele papel que autoriza a população a nos ter em péssima conta? Vão apenas cumprir obrigações estritas??

Eu não consigo! Não consigo sentar lá, fazer o que tenho que fazer que é desgastante mas não preenche (com vida, com energia) as 8 horas diárias de trabalho e que não me exige nada alem de um mínimo de conhecimento e outro de tato.

E tem a outra questão: onde ficamos enquanto cidadãos?

Sim, porque somos usuários do serviço público também. Precisamos das melhorias que todos almejam.
Precisamos dar ao serviço público a cara que deveria ter que inclui eficiência, ética, transparência, bom tratamento dos recursos disponíveis e planejamento adequado!

E isso tudo deveria ser feito por nós, funcionários públicos! Nunca como vem acontecendo, com o envolvimento de inúmeros comissionados (eles fazem claro, dependem do fazer para manterem seus empregos) e nem ao bel prazer dos políticos da vez!.


Portanto, é muito fácil reclamar do que nos é oferecido e criticar nossa eficiência quando a maioria de nós, simplesmente "cansa" e entrega os pontos.

Quase tudo no serviço público precisa mudar. Todos sabem quais mudanças devem acontecer.

Porque ninguém faz?

E porque continuamos resmungando cinicamente?

Algum comentário?

4 comentários:

  1. Se o tamanho do estado fosse muito, muito menor, restrito ao essencial, a sociedade como um todo, incluindo os funcionários públicos, teriam uma vida muito mais plena, meu anjo.

    O estado é, intrinsecamente, inviável quando fica gigantesco como no Brasil.

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  2. exatamente por que as chefias não nos valorizavam quando trabalhamos exigem demais de nós e não nos ouvem ,então cansamos...

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  3. Estes são alguns dos motivos que me levaram a seguir minha carreira em empresas privadas, fui, sou e serei sempre cobrado pelo melhor resultado, esse é o "gás" que me move dia-a-dia.

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