Estamos em último lugar em muita coisa.
Nossa saúde é péssima.
Nossa educação uma das piores.
Nossos índices de criminalidade altos.
As moradias são insuficientes. Há muitas favelas.
Há pouco emprego.
E isso é só uma listinha impensada, sem recorrer a índices estatísticos ou pesquisas formais.
É apenas a voz geral, aquela das conversas do dia a dia.
Apesar de ser um registro pouco consistente, ele aponta para uma única e óbvia direção: Não damos conta de atender BEM a nossa população em pontos cruciais para nosso desenvolvimento e sobrevivência reais.
Por outro lado, São Paulo sempre foi uma grande mãe. Portas abertas para migrantes e imigrantes de todas as origens.
E até gostamos dessa característica.
Eu mesma, filha de migrantes, louvo essa vocação da cidade.
Há dias quero tocar neste assunto. Hoje, fui dar uma olhada no site do Ministério das Relações Exteriores, e vi lá, quais são as exigências feitas aos estrangeiros para entrarem no país. Não são muitas.
Vi também os conselhos do site para brasileiros que vão a outros países e me espantei com a impotência declarada do Ministério diante das exigências alheias.
Tá, são coisas do meio diplomático do qual não entendo mesmo.
Mas é como cidadã que gostaria de ver o assunto melhor discutido.
Desde os tempos da imigração européia e passando pela migração nordestina que durou décadas, São Paulo não via um fluxo migratório tão intenso quanto o que vem acontecendo há 15, 20 anos, o dos bolivianos.
É praticamente uma invasão. Qualquer um que andar pelas ruas do Pari, do Brás, da Mooca, da Penha, terá a sensação de que La Paz é aqui.
Antes que alguém diga alguma besteira, aviso: nada contra o cidadão boliviano. Tenho um grande amigo entre eles desde criança, portanto não é de hoje e nem frente à essa migração que convivo com eles e sua cultura.
Conheço bem a situação de imigrantes latinos em São Paulo, já que por dois anos trabalhei como psicóloga voluntária em uma entidade religiosa que os atende.
Mas é como funcionária do município que a situação mais mexe comigo (e com meus colegas também).
Sei que a situação é de conhecimento do poder municipal. Mas vem aí uma nova administração e penso que ela deveria ficar atenta ao que se passa. O PT tem já uma história de boas relações com os imigrantes bolivianos, tendo inclusive cedido uma área para a realização da chamada Feira da Kantuta, de encontro da comunidade.
Mas é preciso ser mais crítico e vigilante.
O que se passa com esses imigrantes? Como vivem aqui? Acolhimento é mais do que permitir a permanência. É atender em todos os aspectos. Temos condições pra isso?
Para nós, funcionários municipais resta atender os que nos procuram.
E são dezenas ao dia, em busca do cadastro de contribuinte mobiliário (CCM) para trabalharem como autônomos no ramo de confecção.
O desconforto e até temor que eles demonstram no contato conosco deve ter alguma razão.
Temos que ter mais atenção. Ou podemos estar sendo coniventes com situações nada confortáveis.
Concordo contigo.Não suporto o trabalho escravo de muitos nas confecções.Todos sabem ,mas não sei se há efetivamente uma ação para acabar.mas te que haver uma ação efetiva de acolhimento.
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