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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Não se enganem!



Não se enganem!

Eu não vou boicotar meu "brazilian way of life"!

Vou torcer pela seleção sim, como sempre fiz e como as fotos aí podem comprovar.

Mas pela primeira vez na vida de torcedora fanática por copa do mundo, não sinto aquela expectativa nem aquela alegria meio idiota e sem sentido de outras vezes.

É que não dá para ser a favor da realização de grandes eventos como a copa e as olimpíadas em um país que carece de tudo, de saúde à educação, de segurança à habitação.

Em um país onde trabalha-se 5, 6 meses apenas para pagar impostos que não trazem os benefícios correspondentes.

Um país onde gente inteligente e bem informada tem a cara de pau de ir pras redes defender um sistema de saúde que alguém que foi obrigado a usar sabe que não funciona.

Onde a imprensa nos trata como imbecis, propagando ideias sem o menor cabimento.

Onde o povo é tão desinformado de seus direitos e de seu valor que poucas são as categorias que se mobilizam em manifestações pró valorização. O resto tem medo, muito medo.

E gente frustrada fica amarga mesmo né?

Sim! Estou tremendamente frustrada pelo fato de que em meu meio século de vida e muito trabalho, não alcancei uma condição suficiente para assistir à Copa do Mundo em meu próprio país! 

Nesses anos, vi amigos e familiares saírem do Brasil para trabalharem funções aquém de seu potencial  e com isso construir um pé de meia suficiente para virem hoje ao Brasil acompanhar os jogos.

 É que lá fora, mesmo sem salários milionários é possível guardar dinheiro. Ao menos era, afinal, tá tudo de ponta cabeça

Mas, ainda há casos como o da Suíça onde o salário mínimo é de 10 mil reais. 

Furiosa também por assistir as  determinações da FIFA . Como dinheiro determina tudo não?

E também enlouquecida por ver as matérias que saem no exterior, que na verdade tem mostrado a realidade. Mas sabe como é... nós podemos falar, eles não.



Agora só nos resta torcer.

Pelo nosso futebol.

Por nossa tão inconsistente capacidade de oferecer atendimento à saúde, segurança e até meros e corriqueiros serviços aos turistas que aqui vierem.

Pelo bom senso e pelo equilíbrio dos governos em relação às manifestações que vão sim acontecer.

Para que extremistas mundo a fora continuem a nos ignorar como sempre fizeram e nada de grave aconteça.

Para que mesmo com tanto circo à disposição não fiquemos distraídos ao ponto de deixar acontecer, na surdina ou sob ruído alto dos apitos e pandeiros, desmandos que nos diminuam o pão, já tão escasso.

Torcer ainda, para que a maioria da população não se deixe contaminar pela vitória ou pela derrota da seleção. Isso é futebol, política é outra coisa, baseada em outros fatos não relacionados ao rolar de uma bola de nome esquisitíssimo.

Haja energia para tanta torcida.

Faltam poucos dias.

Aguardemos.



Um comentário:

  1. Estamos diante de uma grande desafio. E creio que teremos um bom número de revelações sobre o que somos como povo e sobre a percepção que projetamos.

    Se de tudo isto saírmos com mais conhecimento de nós mesmos, teremos um belo legado, afinal.

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