Não há período da vida onde mais ouvimos falar em bolsas
(escola, família, etc) e afins do que o eleitoral.
Candidatos de todos os lugares e de todos os cargos
aparecem nas nossas telinhas falando desses "benefícios" como os
salvadores da pátria e a garantia ou pior, o indicador de que são muito bem
intencionados, de que pensam na população.
Tenho uma pessoa amiga que recebe a tal da cesta básica. Da
empresa onde trabalha, ou seja, é o empregador colaborando na aquisição mínima
de alimentos de seu funcionário.
De tanto ver o conteúdo ridículo da tal cesta, que não é
das piores, é intermediária, fui procurar os valores oficiais e as descrições
possíveis na net. Só por curiosidade, já que saber que todo o discurso e mesmo
a distribuição de bolsas e afins, é muito pouco mais do que única e
exclusivamente resultado de hipocrisia.
Aí me pergunto como é que as pessoas acreditam que a
distribuição de cestas básicas pelo empregador ou os cálculos oficiais feitos
para determinar o que é o consumo básico minimamente ideal de uma família, é um
indicador de benevolência ou pior ainda eficiência e justiça de um governante.
Não vou discutir aqui as bolsas que existem por aí, vou
pensar só na cesta básica.
Tá, se você está morando na rua, desempregado, ou mesmo
morando lá num teto qualquer mas sem renda, uma cesta básica recebida é um
alívio. Ao menos assim, uma parte da sua família ou talvez toda ela não va
morrer de fome. Talvez até você sobreviva.
Mas é só isso.
Já trabalhei em serviço social público, portanto sei do que
estou falando.
Se você tá numa situação melhorzinha, tipo um ou dois
salários mínimos mensais de renda familiar, que é o que tem uma boa parte da
população, ou se está melhor que isso, algo em torno de cinco salários, então
você já tem alguma condição de pensar em algo que não seja morrer de
fome.
Sugiro que nesses casos, você pense no que está fazendo
para ter alguma chance de sair do buraco...
Sugiro que você pense se tem que abaixar a cabeça ou
endeusar esse povo que fica por aí prometendo "aumento do salário mínimo
" que em geral fica em índices que não dizem absolutamente nada a respeito
da melhoria da sua vida.
Sugiro que compare quanto você ganha, quanto você gasta e
quanto ELES ganham e gastam, afinal é você que banca a vidinha boa de todos
eles....
Aí fui ver valores disponíveis na rede.
Foi uma pesquisa tipica do brasileiro-pobre-sem muita
instrução. Aquela rapidinha, de alguns minutos, mas oficiais. A
do conteúdo da cesta básica distribuídas pelas empresas,
fiz num site de uma fornecedora famosa.
Considerando São Paulo, que é onde eu moro. a coisa fica
mais ou menos assim:
O salário mínimo é de R$ 690,00
O valor da Cesta básica oficial é de R$ 299,39
Se você usa apenas 2 conduções por dia, coisa rara em
cidades grandes, você gasta por mês R$ 120,00
A conta é simples: subtraindo do salário mínimo o
que você oficialmente precisa comer, mais a
condução hipoteticamente única diária que você utiliza, te sobram R$
270,61.
Que eu saiba, ainda ficam faltando aí suas necessidades de
vestuário, medicamentos e um troço chamado lazer.
Oras! Eu sei que em São Paulo você tem certa facilidade em
ter lazer e remédios de graça, mas prá chegar até eles, em geral, vai ter que
dispor mais algum dinheiro de condução por exemplo, ou dispor de
tempo (não dizem que tempo custa caro?).
Alem disso, a constituição diz que o salário mínimo deve
suprir as necessidades de moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte...),ou seja,
faltou a higiene também.
As cestas entregues pelas empresas, contem
mais ou menos o seguinte: 5 k de arroz, 2 k de feijão, 2 litros de óleo (de
soja claro), 2 pacotes de macarrão, farinha de trigo, 250 g de café, 1 tempero,
1 pacote de biscoito, 35 g de reffresco, 1 lata de sardinha, 1 k de sal, 1
molho de tomate e 1 gelatina.
Tente não sentir fome dispondo apenas
desses itens aí. Mesmo porque pra fazer bom uso deles você precisa de mais umas
coisinhas: o gás (46,00 o botijão), água e algumas vezes luz. E essas eu nem
sei qual o valor mínimo, sei que não é pouco.
Nem vou perder tempo aqui discutindo a
adequação nutricional desse cardápio possível.
Aí alguns vão dizer que estou sendo
catastrófica. É, estou, a maioria não está assim tão perdida. Rola um
churrasquinho na laje de vez em quando, com aqueles refrigerantes alternativos
e a cervejinha que a tantos agrada.
E tem também as Casas Bahia da vida, tão
criticadas por muitos, mas que permitem ajeitar o cafofo.
.
Talvez devêssemos consagrá-llas como
nossas gestoras já que ao menos consideram que o pobre tão cantado pelos
políticos, quer mais que uma ração mínima, quer um televisor, um computador, um
armário e uma mesa legais....
Esses comerciantes bem sucedidos, tem uma
vida bem melhor. Eles freqüentam os mesmos balneários , escolas e restaurantes
que os nossos políticos. Aqueles políticos que definem o aumento do salário
mínimo e os itenns da cesta básica e que pelo jeito esquecem a pipoca e o
picolé que seu filho vai querer no passeio ao parque público...
Ah! Faltou falar dos salários DELES, mas
isso, vá ver no portal de transparência dos governos estadual e municipal sem
esquecer que lá não constam os benefícios proporcionados pelo status que os
cargos proporcionam.
Se depois disso você ainda achar que deve
escolher seus representantes sem anntes pensar e pensar muito, sinto muito mas
o seu negócio são mesmo as bolsas e afins....
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