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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Acho que perdi a fé

Segundo os dicionários, ter fé é acreditar totalmente em alguma coisa sem ter provas concretas de que ela seja verdadeira, de que exista. Pretendo falar aqui quase que totalmente sobre a fé religiosa.
Acho que perdi a fé, esta fé de que vou falar. A mesma fé que já causou tantas discussões entre religião e ciência, que já causou tantas guerras. Não acho que muitos tenham interesse em minha história de vida, mas sem falar nela, não posso discutir o assunto.
Então lá vou eu:
Meus primeiros conflitos religiosos surgiram na 3ª série do primário. Tinha certeza de que seria freira (estudava em colégio católico ainda no tempo de salas masculinas e femininas!). Adorava os hábitos, os corais, as orações, os terços de madrepérola... até que a razão e minha personalidade nada consumista falou mais alto.O primeiro motivo, foi uma professora muito querida ter sido demitida como descobri, por ter um namorado negro. Aquilo me pareceu estranho e absurdo. E era. Isso me levou a prestar atenção aos fatos ao meu redor. Aí, percebi que as alunas bolsistas eram tratadas de maneira diferente das pagantes. A gota d'água pingou no dia que fui impedida de ir ao teatro com o colégio (evento esperadíssimo) por não estar com o dinheiro necessário, pois o havia perdido no caminho para a escola. Fiquei lá plantada todo o horário da aula, olhando para a N.Sa. da gruta do pátio, pensando... No ano seguinte fui prá escola pública, porque na época o ensino era melhor, mas não deixei de lembrar dos comentários sobre alunos que "pagavam" e passavam... Nunca mais fiquei confortável com o catolicismo.

Paralelamente à isso, frequentava com minha mãe uma filosofia oriental (na época quase tudo era falado em japonês!) da qual eu gostava muito, sem entender totalmente. Isso me fez levar o interesse pelas Filosofias Orientais pro resto da vida. Hoje tenho paixão pelo Budismo, principalmente o Tibetano.
Logo depois desta época fomos a alguns cultos de Candomblé, no "terreiro" de uma amiga da família, meio que como convidadas. Mesmo tão pequenininha, achava tudo aquilo meio fantasioso e estranho e ficava furiosa quando as pessoas achavam que eu poderia me assustar...não, eu não me assustava, apenas observava e registrava tudo na mente e na alma. As filosofias orientais continuaram presentes, assim como os cultos católicos (batizados, casamentos, etc...) Os rituais em si, ainda me agradavam.
Na sequência, já pré-adolescente, vieram os primeiros contatos com o Kardecismo. Aquela calma toda me agradava, mas só aos 20 anos, ao perder um amigo e ser presenteada por outro com o livro Nosso Lar de Chico Xavier, comecei a estudar aquela fé, que segui por muito tempo, até perceber nela uma certa tendência depressiva. Neste tempo, eu só queria, como todos, acreditar em algo, ainda não precisava de milagres.

Foi também neste período que dei mais atenção ao fato de ter um primo ateu. O Ateísmo passava em brancas nuvens, mas este primo (uns 20 anos mais velho) era alguém muito inteligente para ser ignorado. Publicitário respeitado, havia perdido tudo por ação da ditadura militar, apaixonado por Guimarães Rosa, e... meio depressivo. Comecei a notar que todos os ateus que pude conhecer, eram meio depressivos. Desisti, mesmo porque, a campanha pró um Deus qualquer era mais forte.

À medida que buscava por uma fé consistente, meu respeito por figuras como Jesus, Maomé, Davi, Buda, Iemanjá e cia ltda crescia. Não pela fé, mas por ver neles, pessoas ou entidades que pregavam a paz, o amor, o respeito e a igualdade. Tá bem, socialistas e comunistas também fazem isso, mas els mentem.

Na adolescência, ainda teve Herman Hesse e seu Sidarta, me levando ao , Caminho das Indias lindamente povoado por Lakshimi, Ganesh e mais uma centena deles. Tudo muito organizado e definido.Cada um cuida de um setor da vida, praticamente uma multinacional de rigidez alemã.

Já na faculdade, de Psicologia, é claro, já que achei que lá talvez entendesse esta necessidade humana de ter fé, tive o prazer e o privilégio de acompanhar muito de perto a conversão de uma amiga ao Judaísmo . É óbvio que fiquei encantada! Um mundo novo, com regras rígidas, e seegundo a cultura popular cheio de seguidores milionários... Eu já entrava numa fase em que buscava por milagres, na época ainda não os financeiros, mas os típicos da idade (namorados, "dobrar" os país, bailes de carnaval...).

Esqueci de citar, que na pré-adolescência tive também um amigo muçulmano muito bacana e que frequentei a Igreja Batista, da qual gostava muito.

Já adulta, continuava a pesquisar o oriente e a fazer paralelos entre suas práticas e as técnicas de relaxamento e auto-controle que aplicava no consultório e em workshops. Era cada vez mais duro, perceber, que tudo vinha do cérebro. Este PC difícil de desvendar e que rege a humanidade, bombardeado por hormônios, cheio de mistérios a desvendar.

Mas, a necessidade de milagres crescia à passos largos... aos poucos, fui tirando do baú, uma outra linha de pensamento que de grão em grão eu ia guardando lá no fundo deste tal PC orgânico sem muito alarde: a Bruxaria, ou Wicca, como os americanos batizaram nos anos 50. CALMA! não comecem a acender as fogueiras! Esta filosofia ou religião não é nada mais do que o estudo das forças da natureza e traz muito, mas muito conhecimentos a quem a leva a sério. Cheguei ao gráu máximo, Sacerdotisa. Porém, as atitudes das pessoas, me desanimam, Hoje, é assim, estou aqui, quem me conhece e sabe me procura e eu digo aquilo que devo (e aprendi) dizer. Funciona para as pessoas, porque elas tem fé.
Não posso esquecer de dizer, que em algum lugar do passado frequentei por dois anos, em busca do tal milagre, a Igreja Universal do Reino de Deus. E cá entre nós, tenho que dizer, não funciona financeiramente só para o Edir Macedo viu? Funcionou prá mim também, mas como outros aspectos me incomodavam, como não dever ler nada que não fosse da igreja, deixei prá lá.
Teve outro período muito importante também O Colégio de Umbanda Sagrada, do mestre querido Rubens Saraceni, um cara incrível, totalmente sem preconceitos ou fanatismos. Aprendi muito e adicionei alguns seres mitológicos ou Deuses, como queiram, à minha lista "follow", como Nanã, Oxum, Iansã, Omulu, Ogum e todos os outros, meus queridos.

No meio disso tudo, teve o Tarô (desde os 12 anos) , o I Ching (desde os 20), Freud, Rogers, Moreno, etc... Nenhum deles fez milagres. Os amo e respeito, à todos. Não pela fé, mas por todas as experiências que me proporcionaram. Porém, só dois entre todos me dão uma ponta de fé: São Longuinho, que acha 99% de tudo o que eu perco, e Odin (da mitologia nórdica) que acalma uns ânimos por aqui.

Porém, coisas muito difíceis tem acontecido. Sabe aquela frase: Quanto mais eu rezo mais assombração aparece? Pois é, parece que foi feita prá mim. Quase todos acreditam que há um Ser Superior que guia nossos destinos, mas como disse no twitter outro dia o incrível Luis Fernando Veríssimo, não se sabe como ele passou no psicotécnico. Esta frase, também parece feita para mim.
É isso, Acho que perdi a fé alguém aí sabe onde encontra-la?

5 comentários:

  1. Nossa Patricia, lendo toda essa jornada até parece que vc já tem 200 anos de vida, mulher! É mta peregrinação...
    Espero que mesmo com as dificuldades, a felicidade caminhe em passos largos em sua direção.
    Achar que perdeu a fé, pra uma pessoa que buscou tanto o conheciemnto das religiões, não me parece tão estranho. Não acho que tenha que encontrá-la, vc a tem, mas é apenas uma curiosa em busca de conhecimento. Momentos ruins acontecem na vida de todas as pessoas!
    Enfim, não sei se deu pra entender, pois tb não sei como passei no teste psicotécnico...rs Bjs

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  2. Jostein Gaarder, em seu livro O Dia do Curinga, insinua que a pensonagem citada no título é única, exatamente por não pertencer a nenhum dos naipes a que qualquer das cartas vulgares pertence. As demais encontram quatro congêneres por família ou estão em pares por cor, pertencem a uma hierarquia e, por isso, estão onde se espera que estejam, desempenham a função que lhes é peculiar e não são, em si, trunfos específicos dentro do jogo de Canastra.

    Enretanto, o Curinga, não. Ele é único. Ainda que haja dois deles no baralho, não se pertencem mutuamente, pois não têm qualquer lastro ou ligação familiar e, juntos, empobrecem a jogada. Portanto é sozinhos que encontram seu significado, suprindo a lacuna formada no descarte. Assim se enseja o liame sutil entre tal entidade metafísica e o prisioneiro do mito platônico: só o filósofo se liberta dos grilhões e vê a verdade; só o curinga é quem é. Os demias não se tonram filósofos, nenhum Ás vira Curinga.

    O filósofo, pois, por excesso de presunção ou por alguma verdade, é, de alguma modo, escolhido. É quem é, como é, inadaptado, mas detentor de um conhecimento intangível aos demais. Talvez o mesmo se dê com a fé: ou ela nos pertence, ou não. Entretanto, diferentemente dos outros dois, o crente escolhe se crê o não; é sua escolha que o torna escolhido, já que fé não se explica, mas se sente em cada fímbria do ser.

    Analogamente, outrossim, não escolher a fé é recusar sua iluminação, ser um dois de copas, quatro de paus, sete de espadas, dama de ouro... ou dama de copas, quatro de ouro, dois de espadas, sete de paus... porque só a fé transcende o horizonte da matéria bruta e dos corações envilecidos, desprende do cárcere e nos torna únicos por pensar e sentir ainda além.

    A mim humildemente me parece, que essa epopéia é, em si, a busca por uma fé não encontrada. É, antes, fogo-fátuo que, passada a primeira emoção da novidade, trouxe o vazio da descrença. Fé, apesar de tudo, não precisa de objeto, existe em si, como força motriz, mesmo que não se reconheça, em seu fundamento, o signo de uma paternidade obscura que só se faz presente a quem a busca.

    Não há fórmulas mágicas, pois os milagres são justamente obras da fé. Nós, pequenos humanos, apenas somos capazes de evocar pensamentos para justificar nossa absurda incapacidade de compreeender quem somos e onde estamos. Por isso tantas filosofias, religiões e contendas. Onde há fé, não há dúvida, há a certeza impassível de que se está em paz.

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  3. Oi Patricinha... tenha fé em sí mesma é a melhor escolha. Eu acredito nisso esta semana passei pela comissão do mestrado e estou indo para qualificação. Passo à passo e eu mesmo estou fazendo a vida correr... bjos...

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  4. Pa, me identifiquei com tudo que vc disse. O modo que vc escreve, faz a gente acompanhar, e viver cada momento da sua vida. Seria legal uma sequencia... Se tivesse um livro com esse teor, com certeza eu o devoraria. Sabe, Pa, eu descobri que esse que vc procura por essas igrejas e templos por aí, tá mais perto do que a gente pensa. Tá dentro da gente! O templo é o nosso corpo! E como temos ELE dentro de nós, nós somos o nosso próprio deus! Somos responsáveis pela nossa vida, fazendo com que o universo se mova pra fazer acontecer o que cremos.

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  5. Claro que com muito menos peregrinação,tenho que concordar com você Pat,o problema é que eu quase não a procurei e msm assim tbm"Acho que perdi a fé"!
    Mas sei que no fundo a fé É apenas em nós mesmos,e como disse a Sylvia,Esse que procuramos(ou não),aqui ou ali,está dentro de nós,somos nós!
    Acho mesmo que a imensidão do mundo,junto com os mistérios da vida,da morte,do inicio do fim só são mais amenos,menos enlouquecedores e mais compreensíveis quando podemos "apontar" o dedo e por a culpa de todo este mal e bem em alguém...Sim esse "alguém" as vezes chamado de Deus/Deusa,afinal de contas,que raio de Grande Pai/Mãe é(seria) este(a) se ele(a)apenas nos desse a vida e não nos desse apoio?Não estivesse ao nosso lado para aprendermos a superar a vida,tantas vezes tão dura!NÃO aceitamos isso e nem devemos aceitar,ver se em meio a essa imensidão universal,traz um sentimento de inferioridade,nos vemos como um grão de areia no deserto e isso não pode ser muito bom!
    A verdade é que ou temos força suficiente dentro de nós e nos julgamos capazes de cair e depois levantar,chorar e depois rir,sofrer e depois ...Bem depois esquecer mesmo,ou acreditamos Nele/a,porque ele nada mais é que uma versão melhorada e mais "santificadade” de nossa própria consciência,é o anjinho "tretando" com o diabinho sempre....E sempre será!!!
    Caso a fé esteja em falta como a minha,pense nisso:
    “Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não!Quero uma verdade inventada.”(C.L.) Porque de olhos fechados é mais fácil de encara a montanha-russa!!!
    Bjuuuu

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