Nunca entendi direito meu grande interesse pela cultura judaica. Eu, brasileira, sem conhecimento sobre minha árvore genealógica.
Tá certo que sempre gostei de "bisbilhotar" o comportamento, os hábitos e a história alheia. Mas é que com o judaísmo a coisa passa dos limites. Sempre há um judeu ou uma parte desta cultura "rondando" minha vida.
Si lá, talvez seja coisa de outras vidas...
Teria muitas história a contar a respeito, mas não é o momento.
Por isso, quando ouvi falar de um filme que falava sobre uma comunidade judaica no Rio de Janeiro, mais especificamente em Nilópolis, minhas antenas foram todas ligadas.
O filme é Novos Lares com roteiro e direção de Radamés Vieira.
Acabei de assistir, e talvez devesse esperar a poeira baixar antes de escrever este post, mas, minha ansiedade não permite.
O filme é um documentário em média metragem (77 min.) e faz parte de um projeto maior. As informações a respeito da obra podem ser encontradas em www.novoslares.com.br . Aqui quero falar apenas de minhas impressões, afinal, não sou crítica de cinema e nem o pretendo.
Como tantos outros povos, este grupo de judeus reuniu-se por aqui em busca de liberdade, oportunidade e vida.
No documentário acompanhamos uma visita de membros do grupo e seus descendentes ao local onde a comunidade foi instalada há mais de 60 anos.
Foram de trem, como faziam na época.
Durante esta volta ao passado, são apresentados depoimentos emocionados de velhos e jovens que contam suas experiências e as reatadas por seus pais e avós.
Uma aula de história inusitada, fortíssima e muito emocionante.
É muito bom ouvir de personalidades importantes de nossa sociedade como suas vidas foram modificadas pelas oportunidades que só o Brasil oferece. Um país preconceituoso sim, mas cujo coração acaba sempre tendendo à tolerância .
O filme nos presenteia ainda com a participação de profissionais incríveis como Mauricio Sherman (diretor de TV) e os atores inesquecíveis Sura Berditchevsky, Natália Timberg, a maravilhosa Tereza Rachel e Stepan Nercessian ( o eterno Marcelo Zona Sul).
Chamo a atenção ainda para os garotos (lindos) um que toca violino durante a viagem de trem, do que dança freneticamente na quadra da Beija-Flor ao som do grupo Zemer e do que participa da leitura do livro (que deu origem ao projeto) no teatro.
Eles trazem uma emoção e uma alegria no olhar, de dar inveja em qualquer um.
São manifestações de auto-estima elevada, de consciência de pertencer a um povo que superou imensos obstáculos e que angariou vitórias, dando ao mundo grandes nomes da ciência, da arte e da cultura em geral.
A penúltima parada do grupo nesta viagem de volta às origens, é na sinagoga que havia na comunidade, e que, desativada em 84, teve sua construção deteriorada e invadida pela vegetação.
As orações e cânticos que eles entoaram lá, naquelas ruínas, me levaram às lágrimas (raríssimo isto).
Vou esperar pela notícia de que aquele local foi recuperado...
Valem a pena os depoimentos, as músicas, o olhar nostálgico dos velhos e o orgulhoso dos mais jovens.
É delicioso o depoimento sobre o sofrimento das crianças, que viam os sapatinhos deixados na janela na noite de natal, vazios, por motivos óbvios.
O filme me traz ainda mais certeza de que só a tolerância e o respeito às diferenças podem nos trazer a paz no mundo.
Quem sabe um dia, histórias como esta, nos façam descobrir, perplexos, que somos apenas isso, pessoas. E que conhecer nossa história e a tenacidade dos povos que se juntaram a nós, possa nos dar a rota certa para o desenvolvimento social?
Novos Lares, de Radamés Vieira, eu recomendo.
Deve ser lindo, meu anjo, belíssima indicação!
ResponderExcluirOntem fiquei tão chocado vendo um novo documentário do Nat Geo com os pogroms que mataram 1.5 milhão de judeus antes dos campos de concentração e com a luta para recuperar os corpos das vítimas e enterrá-las dignamente.
Rafael:
ResponderExcluirPois é, o que não faltam são filmes catastróficos sobre este povo, por isso, o filme de Radamés Vieira é uma ótima surpresa.
Patricia,
ResponderExcluirtambém me interesso pela história judaica, quando nada por Marx, Freud e Einstein serem judeus e alemães, homens que moldaram nossa época- para o bem ou para o mal- vou procurar ver o filme. Tem um livro muito bom dobre a história judaica:A Histórias dos Judeus, Paul Johson, ed.Imago.
Muito bom deu blog. Parabéns. Virei "cliente"! Beijo!
Desculpe os erros, é a pressa...
ResponderExcluirZatonio
ResponderExcluirO que importa são os comentários. Gostei da dica do livro
Obrigada
Conheci um pouco da cultura judaica através de um namoro que tive...é admirável a forma como alguns grupos cultivam suas tradições. Quem era ainda existissem africanos no Brasil.
ResponderExcluirPor falar nisso, uma vez li um artigo sobre uma tribo Africana judia...uma coisa meio maluca assim...vou procurar e te envio, achei muito interessante. Grande abraço minha amiga!