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segunda-feira, 22 de março de 2010

Ando meio desligado....

♪ Ando meio desligado eu nem sinto os meus pés no chão...♪

O trecho desta música dos Mutantes poderia descrever meu estado de ânimo ultimamente. Por conta dele, tinha resolvido não falar a respeito da morte de Glauco e Raoni, tragédia que tem causado polêmica e entristeceu o país. Era polêmica demais.

Porém, com o início do julgamento mais esperado pelo país nos últimos anos, o caso Glauco, tende a arrefecer, então, lá vou eu tecer alguns comentários pessoais a respeito.

Sou uma pessoa daquelas chamadas de "careta". Não bebo, não uso drogas.

Puxa.... que pessoa comportada....

Não é nada disso. É que como psicóloga, conheço muito bem as mazelas da dependência química.
E tenho um vício: o maldito cigarro. Fumo alucinadamente. Como eu, só conheci outro tão viciado, o ex governador Mario Covas (5 maços/dia). Se fizerem as contas, não há hora num dia suficientes prá tanto cigarro, mas o viciado sempre dá um jeito.

Uma das certezas a respeito da dependência, é que quem tende a um vício determinado, tende a adquirir qualquer outro. Portanto, costumo dizer, que se bebesse o que eu fumo, viveria caída por aí com um simpático cãozinho lambendo minha boca (arg!).

Sou viciada, mas não sou burra nem louca, portanto não chego perto de substâncias capazes de causar dependência, entenderam?

Quanto ao chá da Seita Santo Daime (daime de dai me luz), a Ayhuasca, conheço muito pouco, além do que a imprenssa vem publicando. Mas, tive uma experiência muito gratificante a respeito. Explico: como temo as substâncias "viciantes" não gosto de que ninguém as use. E não as acho necessárias, se a ideia é "olhar prá dentro" ou "unir-se ao divino". Isso se consegue com muitos outros métodos sem uso de nenhuma substância além do ar que se respira. Entre meus discípulos (odeio o termo), tive 2 pessoas que frequentaram o Santo Daime e fizeram uso do chá. Uma de 16 anos e outra de 40 e uns. Em um de nossos encontros, após um trabalho de relaxamento e auto-indução em busca de um encontro com a Grande Mãe, tive o prazer de ouvir das 2, que o efeito da sessão era o mesmo do obtido com o uso do chá. Não havia alucinação, mas a paz posterior, a tranquilidade.

Pois é. Do peiote do inesquecível Dom Juan de Carlos Castanheda ao Daime de Glauco e seus companheiros, do álcool usado pelo inspiradíssimo Vinicius à maconha de cada esquina, nunca foi novidade o uso de substâncias alucinógenas para fins religiosos.

Se eu considero certo ou errado, não interessa a ninguém. Porém se fosse possível eu apagaria do mapa qualquer alucinógeno para que eles não mais tirassem de nós pessoas como Jimmy Hendrix, Elvis Presley, Raul Seixas e tantos outros famosos e anônimos destruídos pela dependência.

O que aconteceu com Glauco e o filho, acende em mim uma ideia que tenho há anos. Já que não é possível exterminar as drogas, as seitas e religiões deveriam ter em seus quadros gerenciais, psiquiatras e psicólogos, capazes de diagnosticar e impedir o uso destas substâncias por pessoas com problemas psiquiátricos ou neurológicos.

Porque o que levou o Cadu a cometer os assassinatos não foi apenas o chá. Mas sim, o chá consumido por um esquizofrênico.

Há muito mais esquizofrênicos e bipolares (sem falar dos milhares de neuróticos) soltos por aí do que podemos imaginar. E substâncias alucinóginas, ou que causem qualquer alteração de estado de consciência ou atenção, pode transforma-los em assassinos.

Cocaína, alcool, maconha e o próprio Daime, são consumidos por muito mais gente do que se imagina. Gente considerada "de respeito" e outras bobagens preconceituosas assim. Porém, pessoas emocionalmente e neurológicamente saudáveis. Não que também não possam ter surtos psicóticos apenas com a droga, mas é menos arriscado prá elas.

Cadu, já estava seriamente comprometido pela doença. A esquizofrenia (mente dividida) provoca delírios de fundo religioso. Imagina com o auxílio da droga e dentro de uma seita.....

Talvez seja o momento de uma normatização. Profissionais de saúde mental decidindo pelo uso ou não das drogas ritualísticas.

4 comentários:

  1. Ola Patrícia,

    Quando uma pessoa procura sair de “nossa estranha realidade” utilizando-se destes artifícios, nada naturais. Corre o risco de acabar num labirinto, mas sem o fio de Ariadne, e portanto, acaba por perecer nas mãos de um terrível monstro.
    Conheço gente, culta, inteligente, de bem com a vida, que se arrisca sorrateiramente neste universo pérfido das drogas, e nem faz conta dos riscos. Eu pergunto a esta gente: Se não preocupados com sigo mesma, pelas conseqüências possíveis e prováveis do uso de tal coisa, também não pensam quando ao destino dado ao dinheiro da compra, ou nos familiares e amigos perturbados por ter alguém querido dominado pela droga, ou prejudicado pelo crime por esta promovido?
    Sinceramente, é certo que a tragédia retirou do nosso cenário, um grande talento, mais uma vez eu penso, admiramos as pessoas por sua arte ou acreditamos que as pessoas são sua arte?
    Por isso eu fico com você e seu incomodo cigarro, pois você é uma pessoa desta nossa estranha realidade, e quando se arrisca faz com Ariadne, usa um fio para lhe guiar de volta.
    Beijos
    Julio

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  2. Acho complicado entrar nessa seara (chá + doença + assassinato) tanta gente aparentemente normal comete cada assassinato que nunca imaginamos presenciar. O caso dos Nardoni é um deles.
    Bom post, @patrimm.
    Bjs
    @camilamoraes

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  3. Olá Patrícia, infelizmente as drogas estão aí. Vejo as campanhas e acho que são péssimas. Inclusive sobre o cigarro.
    Penso que cabe aos pais, familiares, orientar seus entes queridos.

    Parabéns pelo post! Abraços

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  4. Adorei a postagem, filha de psicóloga que sou...rs
    Concordo muito com o que falou. Não acho que a culpa seja do chá do Daime, como o pai do menino falou, mas acho, sim, que as pessoas de lá e de outras religiões que usam substâncias alucinógenas, deveriam mesmo fazer uma triagem melhor, não é todo mundo que está preparado, não é todo mundo que vai para lá com fins que visam a evolução e a harmonia. Aquela velha história: o que é bom p/ mim, pode não ser p/ vc. E infelizmente a maioria não se conhece, não sabe seus limites e nunca teve limites dentro da própria casa...e os resultados estão nos noticiários todos os dias...

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