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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Dia da Educação

Hoje é o dia da educação. Não sei o porque da data, porque em um país onde não se tem o que comemorar, perdemos o interesse em buscar respostas, fazer pesquisas...
Mas, gostaria de fazer algumas considerações.

O Brasil vem decepcionando e muito a cada vez que são publicados índices educacionais. Estamos atrás de países cuja economia é bem pior que a nossa.
Existem inúmeras razões para esta situação e acredito quase impossível demonstra-las todas. Soluções para o problema também são complexas demais para esgotarmos aqui. Mas vamos lá.

Não atuo na área de educação escolar, apenas na organizacional, mas por conta de meu interesse no assunto e por ter muitos amigos e familiares na área, acabo acompanhando os acontecimentos na educação do país. Na minha opinião, nada prejudicou mais a educação brasileira do que a progressão continuada, adotada e teimosamente mantida há mais de uma década.
Se o aluno sabe que vai ser promovido à série seguinte sabendo ou não o conteúdo, porque ele faria algum esforço para aprender? E o professor? Se o resultado do seu trabalho não faz diferença no progresso do aluno, prá que o esforço?
Sim, porque educar não é tarefa fácil e não se limita a cumprir um conteúdo pré estabelecido. Além disso, o professor precisa lidar com as diferenças individuais entre os alunos, com as dificuldades de cada um e com o próprio desenvolvimento em um mundo que muda a cada segundo. Há a questão da falta de estímulo pelos baixos salários, embora eu não concorde com esta alegação, ao menos no que se refere ao município de São Paulo, onde entre os servidores públicos, os professores só perdem em salários para os médicos.

Nos tempos em que eu cursei o ensino fundamental (até final da década de 70), professores eram a autoridade máxima dentro da escola. Não se questionava suas ordens e seus saberes, e quando por qualquer razão, o aluno fazia uma colocação divergente, ela era respeitada e considerada, sendo discutida em sala com a participação de todos. Acho que a questão é esta mesmo, havia respeito e bilateral.
Os professores detinham o saber e o transmitiam aos alunos com visível prazer e da nossa parte havia a preocupação com os resultados obtidos nas provas, já que ninguém em sã consciência almejava a repetência.

Repentinamente, adotou-se métodos pedagógicos diferentes mais "democráticos"que pretendiam desenhar o ciclo de aprendizado por suas etapas naturais, cerebrais, onde o aprendizado se faria pela construção. Não deu certo. Sinto muito, mas prefiro a velha e básica transmissão de conhecimento, mas de forma adaptada à velocidade da informação atual.

Hoje o que temos aí são professores sem nenhuma condição de lecionar, fato comprovado em São Paulo recentemente por uma prova aplicada à toda a rede pública e que teve resultados espantosamente ruins. O pior é saber que a associação de classe dos professores, combate este tipo de avaliação.
A recuperação dos professores é possível através de treinamentos continuados, mas os resultados não serão imediatos. Porém, é necessária também uma mudança de percepção dos próprios professores, que precisam admitir as falhas e não as creditar aos baixos salários, ou má condições das escolas. São conhecidas histórias de professores excelentes nos fundões do país, que dão boas aulas em salas sem teto ou cadeiras, com salários muito menores e para alunos sem nenhuma outra fonte de informação, portanto... prá quem sabe e gosta, é possível.

Diante destes professores despreparados, estão alunos, crianças e adolescentes, completamente desestimulados, sem noção do que venha a ser respeito e colaboração. Mais parece que estão indo à guerra do que à escola. Este fato é resultado de problemas sociais e familiares.
Uma família que abandonou sua parte de responsabilidade na educação, entregando-a à TV e mais recentemente ao computador. O resultado foi uma geração de pessoas sem limites nem perspectivas.
E uma sociedade que enveredou pelos anseios econômicos insuperáveis, pela competição desenfreada e governada por homens e mulheres sem escrúpulos e nenhum sentido de dedicação ao trabalho público.

No ensino superior, a situação não é menos pior. Os professores são menos exigidos, qualquer um é aprovado nos vestibulares das faculdades que surgem em cada esquina, os currículos são enxutos até quase não sobrar nada e a segmentação dos cursos é apenas um artifício para que novos cursos sejam feitos. Talvez a situação seja um pouco melhor em instituições de ensino tradicionais, mas ainda está longe do que tínhamos a 30, 40 anos, quando ao terminar o curso, médicos sabiam medicina, advogados sabiam direito, etc....

Muito precisa ser feito. A progressão continuada tem que ser extinta. Como eu disse no início, não é possível esgotar o assunto em poucas linhas, mas antes que questionem minha superficialidade aqui, me disponho a debater o assunto através de minha ferramenta favorita, o twitter.

Espero sinceramente que em alguns anos, tenhamos o que comemorar.

2 comentários:

  1. Parabéns Patricia!Disse tudo.O ensino no Brasil precisa ser recriado.Começando com o ensino de pais e mães de como impor limites a seus filhos.A volta de EDUCAÇÃO MORAL E CIVÍCA como matéria curricular.Ter internet como disciplina,ensinando os alunos a usar esta ferramenta fundamental para pesquiza e desenvolvimento.Internet não se resume a ORKUT e COLHEITA FELIZ.Precisamos mais professores com vocação.Você lembrou bem dos profissionais que sem recursos e lidando com todas as dificuldades atingem ótimos resultados com crianças extremamente carentes.Precisamos organizar um debate nacional reunindo professores,psicologos,nutricionista,terapeutas e todos profissionais que possam contribuir para a elaboração de um novo curriculo e metodo de ensino.Começando pelo basico e concluindo no superior.Nossas Universidades precisam se tornar produtivas em relação a pesquizas e desenvolvimento.Você tem razão este é um assunto longo porém,a base para uma sociedade justa e segura.

    Parabens e um
    forte abraço

    Roberto Laranjeira

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  2. Temos que lembrar que por mais chata ou stressante, ou qualquer outro adjetivo se dê a nossa profissão. Foi a que escolhemos, e se somos professores, devemos executar bem. Precisamos tirar o 'dogma' de pobrezinho do professor... Não tá bom? Muda de profissão...

    Mas gostei sim da postagem... Quanto as universidades, concordo!

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