Fui surpreendida hoje pela notícia da morte do advogado, empresário eprincipalmente bibliófolo José Midlin.
Viver até os 95 anos não é prá qualquer um. Viver tão intensamente e tão convicto de suas preferencias menos ainda.
Midlin era paulistano, filho de judeus nascidos em Odessa, formou-se advogado pela USP, atuou como advogado e como jornalista no O Estado de São Paulo e era fundador da Metal Leve uma das maiores e mais famosas empresas de peças automotivas. Sempre procurei assistir e ler suas entrevistas (e foram muitas). Ficava sempre admirada com tanta vitalidade e com sua paixão pelos livros .
Sua coleção, a maior coleção particular no Brasil, tinha mais de 30 mil livros! Muitos deles raridades que buscava mundo afora. Era membro da Academia Paulista de Letras e também da Academia Brasileira, que frequentava semanalmete para o famoso chá dos imortais. Detalhe: a Academia fica no Rio e Midlin morava em São Paulo. Mas o que sempre me chamou a atenção não foram estes detalhes grandiosos de alguém tão bem sucedido, mas o brilho no olhar ao falar do prazer em viver cercado daquelas obras, na fé de que o livro permanecerá vivo apesar das novas mídias, o prazer na manipulação das páginas...Eu que já trabalhei em biblioteca e sou amante dos ivros em papel, sei bem como é.
Midlin acreditava que a liberdade para ler e o exemplo familiar desde a infância, incentivam o hábito da leitura. Também acredito.
Adorava quando ele contava nas entrevistas, suas peregrinações pelos sebos do centro da cidade.
Para nossa sorte, Midlin teve um gesto de generosidade ao doar grande parte de seu acervo à Universidade de São Paulo.
Um país como o nosso, tão carente de defensores da cultura, da educação e da literatura, tem mesmo que lamentar a perda de alguém como José Midlin, mas precisa também buscar nele a inspiração, o exemplo na busca do desenvolvimento intelectual.
Que ele vá em paz.
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