Confesso que sou apaixonada por Arnaldo Jabor. Como cineasta e como articulista. Paro tudo para ouvi-lo no jornal. Hoje alguém postou no twitter um texto dele, facilmente localizável na rede e que começa com a frase: "brasileiro é um povo solidário, mentira.".
O texto dá mesmo uma dorzinha no coração e na consciência, mas é realista até o fundo da alma do diabo!
Tenho por hábito usar a grosseria e a agressividade somente em situações extremas, mas extremas mesmo, tanto que raríssimas vezes aconteceu. Mas não pensem que sou boazinha não! Sou escorpiana, da ZL de São Paulo, Corinthiana, pobre e funcionária pública, o que me dá um camarote VIP para muitas situações lamentáveis.
Ninguém gosta de ser chamado de burro e babaca. Mas com os argumentos utilizados por Jabor dá prá discordar?
Eu por exemplo, discordo em parte quando ele diz que Lula foi eleito só por sua história sofrida. Não. Ele está à frente de um partido que rejeito mas que na época era forte. E conseguiu no mínimo dar sequência às construções do governo FHC. Também acho natural que uma maioria de "sem educação", não veja problemas em colocar lá um representante seu. Outros, sentem através de Lula, uma pontinha de esperança para a vida medíocre que levam.
Também tenho problemas com a história de não dar esmolas, embora compreenda a proposta contrária. Isto é coisa de quem nunca precisou da ajuda alheia. Além do mais, esperar que esteS (assim mesmo, com S maiúsculo) governos ou partes deles corruptos façam alguma coisa que tire os esmolantes das ruas.... só Deus sabe quando! E enquanto isto? Morre-se de fome? Não, não, é muito fácil falar.
Há muita gente honesta em favelas sim. E elas não "entregam" marginais porque não são suicidas....
Vagabundos? Eu diria preguiçosos. Não temos mesmo a capacidade de trabalho de japoneses e alemães, por exemplo. Mas trabalhamos sim, a maioria, e muito, excessivamente, inclusive se levarmos em conta os resultados que isto nos traz. Muito pouco. E ainda chamam de renda nosso salário, e descontam, alto....
Agora, concordo plenamente que ONGs de "direitos humanos" tem uma visão muito distorcida do que seja isso. Proteger monstros como assassinos, pedófilos e corruptos contumazes é perpetuar o crime e a contravenção.
Deveríamos lutar por uma mudança no tratamento dado aos criminosos sim, e concordo que colchões queimados não deveriam ser repostos, ao menos não de imediato.Que tal repor depois de 10 meses, tempo médio que o brasileiro comum leva para terminar de pagar o próprio colchão?
Democracia? Eu também já disse aqui dezenas de vezes que isto não existe aqui. E não me venham comparar os anos de ditadura com agora. A única diferença é que aqueles usavam fardas, hoje usam ternos (italianos, claro!). Não consigo imaginar uma democracia onde sou obrigada a votar.
Também já falei sobre o jeitinho brasileiro. Acho que ele tem um lado ótimo. Mas, num país onde jogadores de futebol ditam as regras, receber troco errado, ficar com a carteira encontrada, parece normal...
Aceito os sentimentos de meu ídolo, porque continuo fazendo minha parte. Embora até hoje não tenha ganho absolutamente nada com isto, nem o direito de deitar e dormir. As dívidas e compromissos não deixam.
Somos passivos sim. Já pensei até em porque não contratamos uns argentinos ou uns gregos para nos ensinarem a protestar, a fazer panelaços. Mas tenho certeza, que se na manifestação ouvir-se um som de tamborim, um surdo, um berimbau, vai ter grego no samba e argentino na capoeira.
Mas há algo que poderia ajudar a mudar a história deste país e fazer com que finalmente o futuro chegue. Isso ocorreria se mais pessoas com poder de comunicação, influência e coerência, pusessem a boca no trombone como Jabor faz.
Quem sabe também os políticos que vem por aí, assumissem para todos suas histórias de lutas e manifestações, ao invés de mostrarem a penas o lado "equilibrado" as pessoas entendessem como foi que chegaram lá?
Alguma saída tem que haver.
Por isso é que ando bisbilhotando textos de gênio.
Genial, concordo com vc em todos os pontos. Genial é vc.bjs
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