Dia 1º de Maio, como todos os anos desde a morte de Ayrton Senna, vimos as manifestações de homenagem ao piloto. Na 2ª, acordei com a notícia de que a casa onde Pelé nasceu será atombada em nome da preservação de nossa história.
Enquanto isto, no Rio, o Monumento aos Pracinhas vive sob ameaças de desativação por desinteresse da população.
Compreendo a idolatria das pessoas a jogadores de futebol, esportistas em geral, artistas, pois eles realmente representam o país. O que não dá é vê-los sendo tratados como heróis, já que representar, não é o mesmo que defender.
Já encontrei pessoas que nem ao menos sabem que o Brasil, participou da Segunda Guerra Mundial, agregada ao 5º Exército Americano e participando de batalhas decisivas como Monte Castelo, Monte Cassino e Fuornovo.
Muitas vezes imagino que tamanha ignorância e desinteresse tenha origem na presença no país de grandes colônias italianas, alemãs e japonesas, que no confronto, eram aliados de Hitler, portanto "inimigos". Já fui até insultada por um jovem japonês vendedor de livros de uma famosa livraria paulistana, quando pedi ajuda na busca por um livro sobre a participação do Brasil no confronto Mundial!
Mas, isto também é compreensível e talvez minha percepção seja equivocada. O que sei, é que os 25.334 soldados brasileiros que foram enviados ao Teatro de Operações da Itália eram jovens atendendo ao chamado de defesa de seu país, contra o autoritarismo e as atrocidades cometidas pelo III Reich. Não diferiam em nada de outros jovens brasileiros que preferiam estar em seus lares, com suas famílias e amigos, ouvindo as cantoras do rádio ao invés de se submeterem a um inverno rigorosíssimo em uma terra estranha para intervir em um confronto que resolveriam de forma pacífica, se isto dependesse de sua vontade e do estilo do povo brasileiro.
Também se engana quem pensa que nossos pracinhas não tinham treinamento adequado. O treinamento foi duro e até hoje o campo utilizado (do Regimento de Infantaria de S.João Del Rei-MG) é considerado um dos mais eficientes por exércitos de todo o mundo.
O assunto é amplo e vou deixar aqui os links para quem quiser maiores informações sobre o assunto.
Me emociono porque sou filha de ex-combatente, e não gosto de ver meu país ignorando a coragem daqueles homens e mulheres que arriscaram suas vidas em nome da dignidade mundial.
465 morreram
2.722 foram feridos
35 foram feitos prisioneiros
16 desapareceram
E muitos voltaram com problemas emocionais graves, as chamadas neuroses de guerra, que lamentamos tanto ao vermos descritas em filmes americanos sobre veteranos, mas que muitos não imaginam que aconteceram por aqui.
Pensem um pouco. Se quiserem continuar chamando de heróis os Pelés da vida, tudo bem.
Mas lembrem-se daqueles homens que morreram ou colocaram em risco sua vida por um ideal de paz no mundo.
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