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terça-feira, 10 de maio de 2011

Rico também é gente

Estamos acostumados a ler, ouvir e ver pessoas defendendo "os pobres".

São programas de "auxílio" (entre aspas porque grande parte parece plano de empurrar morro à baixo), leis de defesa, ofertas de oportunidade, tentativas de proteção ao menos oficiais.

É legal isso. Eu que não estou longe da definição corriqueira de pobreza não acho ruim não.

Mas estive pensando: e os ricos?

É, porque como não estou nem lá nem cá, conheço e convivo com gente de todas as faixas da declaração de IR! Dos isentos aos grandes pagadores...

O que se fala deles?

São coisas assim: rico não tá nem aí com nada, rico despreza as pessoas, não tem nada prá fazer, consomem o tempo todo, ou os clássicos de origem diversa e absurda como "rico não entra no céu" ou "ô vida boa!".

Não posso falar de como é a imagem deles em outros países porque lamentavelmente ainda não sai daqui e curiosamente nunca perguntei a ninguém a esse respeito. Logo eu tão curiosa. E porque será que nunca perguntei? Porque provavelmente, também há incrustada na minha mente alguma ideia preconcebida, palavras prontas diante de um Chanel legítimo ou de uma Ferrari!

Vocês que me acompanham sabem da minha insistência em dizer que somos todos apenas pessoas, nada mais. E é por isso que decidi abordar o tema, e é por isso que vou registrar que:

Rico também é gente!

E ao contrário do que pregam algumas religiões, podem entrar no céu sim, seja lá o que isso quer dizer...

Especialmente no Brasil, mas também no resto do mundo, conceitos religiosos cultuam o estado de pobreza. É certo incentivo à humildade erroneamente interpretado. Humildade é o oposto da soberba da "metidez" para ser mais contemporânea e básica. A interpretação que se faz do conceito tem mais a ver com outra palavra, humilhação. Ser humilde é muito bacana, humilhar-se é ridículo. E tenho notado que as pessoas "humilham-se" por qualquer coisa! Deveriam experimentar outros tipos de reação.

Quando digo que rico também é gente, chamo a atenção para coisas que percebemos de forma contaminada.

Tá certo que entre eles, há um ingrediente humano pouco interessante ou agradável, a futilidade.

São aquelas mulheres (de qualquer idade) peruas, que só falam bobagens e passam anos de sua vida no cabeleireiro. Ou os homens do tipo "playboy" que cá entre nós, são hilários!

Mas comportamentos idiotas assim, existem em qualquer classe social, apenas a performance e o resultado são diferentes.

Pensem bem: fazem tudo pelos pobres e quase nada pelos ricos.

O que fazem para eles são coisas que parecem querer fazer com que empobreçam!

Coisas como os preços dos bons restaurantes, teatros, carros, hotéis, escolas....

E quanto à saúde então? Nada de SUS (só para políticos ricos). Tem que pagar aqueles valores estratosféricos de planos de saúde ou de médicos classe AA, como se tivessem sido marcados ao nascer pela certeza de que suas gripes seriam quase incuráveis e precisariam de gênios da medicina para serem tratadas!

Se quiserem maior segurança, já que são alvos mais desejados por marginais tem que pagar por ela, e caro!

Tem também os olhos do mundo ou ao menos dos vizinhos em cima de suas vidas....

Se estudam muito, até chegar ao cume do conhecimento formal, são alvo de comentários do tipo: não fez mais que obrigação, com dinheiro é fácil.

Se são bem sucedidos profissionalmente também creditam o fato a terem dinheiro desde sempre...

Se pararmos para pensar, é uma vida de cobranças eternas.

Mas eles também são vítimas das intempéries da vida, como qualquer um, inclusive das perdas financeiras, mesmo que no caso deles não causem nenhuma grande tragédia, criam rombos desconfortáveis, ainda que proporcionais à situação.

Fala-se muito do consumismo exacerbado. E sou partidária desta crítica. Mas ao concordar, estou pensando naquele consumo sem sentido algum como o que valoriza marcas internacionais em detrimento das nacionais mesmo que tenham a mesma qualidade, aquela coisa de criança mimada que faz um escândalo se não lhe derem a 35ª boneca do mês ou insiste em ir ao cabeleireiro toda semana!

Se você pudesse, é capaz de jurar que não teria um apartamento em Nova York ou Paris? Que não teria uma Ferrari ou uma coleção de roupas do Karl Largenfeld?

Não, duvido que seria capaz de jurar!

Concordo se você disser que em algumas ocasiões trocaria o presunto de Parma por uma boa mortadela. Ou o bombom de cereja da Kopenhagen pelo da Cacau Show. Mas isso é coisa de paladar. E ninguém resiste ao prazer de um prato raro e bem elaborado. Se eles podem, porque não escolher o melhor?

Acho que entre os ricos, os que mais sofrem discriminação são aqueles que hoje não detém mais fortunas absurdas, mas que carregam o peso de sobrenomes tradicionais! Deles é cobrada uma postura que já não lhes cabe mais e são dirigidos comentários jocosos sobre cada um de seus passos.

Reflitam sobre o assunto, porque dinheiro, sempre foi e acho que sempre será um dos maiores causadores de conflitos entre as pessoas.

Mas dá prá melhorar pelo menos no contexto que coloco aqui, o das relações entre pessoas.

Também precisamos deixar de nos criticar por desejarmos ter todo o dinheiro do mundo. Isso seria muito bom! Ou não?

E pensem também que quem tem dinheiro, ou lutou para consegui-lo ou para manter o que recebeu de seus ancestrais.

Admirar a prosperidade de alguns não é errado. Ruim é vasculhar formas de encontrar defeitos nela.

Rico trabalha e estuda muito, afinal seus postos profissionais e suas escolas rigorosas exigem isso.

Ricos adoecem também

Ricos sofrem decepções.

Tá certo é mais agradável ir curar a tristeza em Bali do que na favela ou na praça suja do bairro. Mas dói do mesmo jeito.

Da mesma forma que não podemos generalizar dizendo que todo pobre é mal educado, sujo ou ladrão, não podemos dizer que todo rico é desonesto, fútil ou petulante.

Rico também é gente...

4 comentários:

  1. Querida Patrícia.
    A grande maioria das fortunas no Brasil, foram feitas em cima da mão de obra explorada ou escrava. Foram construídas com dinheiro sujo, vindo da corrupção, da extorção de banqueiros e grandes latifundiários.
    Raríssimamente (no Brasil)a riqueza vem do mérito. Quantas pessoas conhecemos oriundos da classe baixa que fizeram fortuna? Conta-se nos dedos de uma mão.
    Também acredito que todo pobre é mal educado. Onde foram parar as boas escolas preparatórias? Roubam-lhes até a merenda necessaria ao bom funcionamento do cérebro. Pobre fede. E não há o que estranhar, não existe saneamento básico. Visite uma favela e verá quantos tomam banho de balde e caneca ao lado de esgotos a céu aberto.

    Quando as pequenas, médias e grandes fortunas forem construídas por mérito, aí sim há o que louvar. Até mesmo porque a maioria de nós estará entre eles. Mas enquanto as oportunidades forem tão díspares entre as classes, não vejo porque louvar os extremos.

    Um abraço.

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  2. A inveja é uma merd*. Muitos que atacam os ricos o fazem por notória incapacidade de ser alguma coisa na vida. E, mesmo conseguindo, se pautou em outro para conseguir, ou seja, será sempre um nouveau rich de carteirinha.
    Cuba é um exemplo sem ricos e veja que beleza que é. rssss Claro, tirando Fidel e seu irmão.
    Infelizmente o cara mais imbecil da história, Marx, conseguiu incutir nas pessoas a luta de classes.
    Fico pensando: vou ficar lutando com um cara cheio da grana, ou vou tocar minha vida da forma que sonhei sem ficar com inveja do outro?
    Aliás, discriminar uma pessoa por ela ser rica também é crime previsto no código penal.

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  3. O grande mérito que vejo no seu texto é o de lembrar ao leitor da humanidade presente nos ricos, coisa que requer certa coragem para fazer, num mundo dominado pela ideia do ter.

    Pessoas localizadas nos extremos ou margens da sociedade tendem a sofrer rotulagem ou diminuição do seu valor. Mas tendemos a atribuir ao pobre o papel de vítima -- coisa que quase nunca faríamos com um rico, em grande medida porque imaginamos que as posses deles devem compensar qualquer seus sofrimentos ou, pior ainda, justificá-los.

    Seu texto é um aviso de que o rico não é melhor, nem pior, mas diferente. Quem dera mais gente lembrasse disso.

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  4. Excelente reflexão, minha amiga! Você observou que ser rico não é problema para entrar no reino de Deus, porque dinheiro não é obstáculo algum. Que rico também é um ser humano com sentimentos e emoções. E humildade não tem vínculo com classe social, precisamos diferenciar as pessoas e não colocar rótulos à revelia.
    Gostei de visitar o seu blog e poder refletir sobre o tema.

    Grande abraço!

    @soniasalim

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