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sábado, 16 de janeiro de 2010

A Tragédia Somos Nós

Haiti (Gil e Caetano)


" ♪ 111 presos indefesos
Mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos
Ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres
E todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti

O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui ♪


Revendo o filme Carandiru esta semana, comentei no twitter que nunca havia prestado atenção na frase do Dr . Drausio Varela que aparece no final e diz quase isso :"Só quem sabe o que aconteceu são Deus, a polícia e os presos. Só ouvi os presos" Digo mais ou menos porque não anotei e como voces sabem minha memória é falha. E não havia notado pois prá mim filmes, livros e músicas são assim mesmo, voce descobre novas facetas a cada revisão.

Estou mais confusa e perturbada do que costumo ficar, com tantas tragédias juntas em um único mês.

Também não é prá menos.

No meio dessa confusão que começou com os desabamentos e enchentes em Angra e São Luis do Paraitinga, permaneceu no Jardim Pantanal (e vários outros pontos de S.P), passou pelo desabamento em Juiz de Fora e Belo Horizonte e culminou com o terremoto no Haiti, vemos situações tão inusitadas que até os monges budistas devem estar tendo dificuldades para meditar.

Lembrei (provavelmente como a maioria dos maiores de 30, aqueles em quem não se deve confiar, lembram?) dos versos da música de Gil e Caetano. Dois sujeitos geniais (não como ministros, tá?) , que por força de suas regiões de origem estão acostumados a conviver com pretos e pobres, ou como dizem os mais idiotas, com "gentinha".Portanto não espero deles preconceito. Gil, negro, é de classe social privilegiada, pai médico. Caetano tambem teve uma boa estrutura familiar. Quem dera o mundo só tivesse mães ao estilo de D. Canô!

Aí vem um desequilibrado e diz que lugares onde existem afro- descendentes são desgraçados. E até agora, algumas horas depois continua em seu posto? SOCORRO!

Ainda temos notícias frescas sobre pedófilos, maridos que matam a mulher e guardam no freezer, terremotos de nem tão pouca proporção assim no Brasil, como é que eu poderia estar me sentindo?

Prá completar a semana, li o texto integral do PNDH III. Tudo lindo e bem escrito. Mas não acredito. E não vejo novidades. Só as ruins referentes à imprensa, à "preservação e resgate da historia" unilateral, é claro, e a proibição de símbolos religiosos em prédios públicos e outras coisas mais que não cabe abordar aqui.

Lamento a morte da Dra Zilda Arns, mas duvido que ela quisesse que seu coropo ocupasse espaço em um avião para voltar ao Brasil com tanta rapidez. Ela era uma mulher do mundo, morreu do jeito que viveu, devia estar feliz e provavelmente teria preferido dar a sua "vaga" prá alguem ainda com vida. Sei lá.

Já disse no Twitter também que há alguns dias, antes até das tragédias do dia 1 , o astrólogo Oscar Quiroga falava em seu site, Astrologia Real, sobre a necessidade de a humanidade acordar para o fato de que termos que ser unidos e buscar o bem e o desenvolvimento de todos, inclusive do planeta, sem que para isso haja a necessidade de grandes tragédias coletivas. Disse ainda que elas aconteceriam em grande proporção em breve.

Hoje, no twitter, Marcos Losekann (lá ele é @losekannn) postou vária vezes com uma coerência e um equilíbrio de fazer inveja! E disse praticamente as mesmas coisa que Quiroga.

O mundo já teve muitas Zildas Arns, Madres Tereza, Irmãs Dulce, Oscars Schindler. Annies Sullivan, Sãos Franciscos de Assis, bombeiros, médicos, enfermeiros e religiosos missionários. Teve também bravos soldados em missão de paz, jornalistas ali, em cima da notícia arriscando sua cabeças em prol de causas justas. Mas eles são apenas um grão de areia no meio do oceano!

Tô começando a cansar de falar (e vocês de ler) sobre isso, mas não consigo calar. Já disse: somos todos iguais, ricos ou pobres, índios ou negros, Nort ou Sul Americanos, Africanos e Europeus. Viemos do mesmo lugar e vamos acabar do mesmo jeito.

Temos feito besteiras demais, destruindo e enfrentando a natureza como se fossemos capazes de vencê-la.

Desafiamos a liberdade alheia de todas as maneiras.

Pisamos uns nos outros de qualquer forma e por qualquer razão, as mais banais inclusive.

Acreditamos em luxo e status ao invés de em integridade e amizades.

Quando adquirimos mais conhecimento do que o normal, nos achamos Deuses. Tenha paciência!

Quando é que vamos admitir nossa pequenez e passar a agir como gente, como seres humanos básicos e ainda no início (pífio) da evolução?

Quantas guerras ainda vão haver? Quantas tragédias e miséria por falta de boa vontade e ganância.

Em oposição às fotos terríveis que vi ontem, enviadas por Fernando Gabeira (@gabeiracombr) e veículadas pelo Los Angeles Times, vi hoje num jornal de TV a cena de pessoas lá no Haiti, cantando louvores, preces.....tentando reaver uma migalha de estrutura emocional.

O momento não é de chorar, nem de fixar a atenção apenas no aspecto tenebroso dos fatos.

O momento é de reconstrução e de trabalho de construção de um mundo melhor.

Mãos à Obra enquanto há obra a realizar.

2 comentários:

  1. Oi, Patricia!
    Você foi coerente na sua análise do que está acontecendo. Triste é perceber que há pessoas que se "aproveitam" dos fatos para aparecer, ou ganhar pontos na audiência.
    Aqui temos nossas mazelas, problemas seculares, basta entrar numa favela (atualmente batizada de "comunidade") e ver a falta das mínimas condições sanitárias que as pessoas vivem.
    Na Haiti a situação de crônica, passou a urgente.
    Aqui a pobreza e a miséria são crônicas, passando de geração a geração.
    Eles precisam de ajuda? Claro que sim. Mas, no meio disso tudo, interesses internacionais e pessoais podem dificultar que a ajuda chegue onde realmente é necessária.
    Você tem razão: "Mãos à obra enquanto há obra a realizar", lá e aqui...
    Um abraço,
    Ivanise.

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  2. Cara Patrícia,

    Ficaram muito claro seus sentimentos, quanto a tudo o que vem ocorrendo ao nosso redor. Mas de tudo fica uma lição, uma coisa é para natureza não existe ricos nem pobres como o fim chegou para os ricos de Angra assim como para os pobres do Haiti. Existem mistérios ainda por serem desvendados, mas uma coisa é certa, a natureza humana não surpreende, existem atos de solidariedade, carinho e dedicação ao próximo, como os vistos nas equipes de resgate estrangeiras, e nos milhares de doadores do mundo todo, isso comove mesmo. Mas a natureza humana também esta representada, nos atos de demagogia política, na barbárie que grupos armados praticam para represar os alimentos e com isso adquirirem algum poder naquela estrutura paupérrima.
    Pensar o próximo é pensar em si.
    Parabéns pelos seus pensamentos.

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